26 de Abril de 2013
CartaCapital
Leandro Fortes
26.04.2013
De Marconi Perillo a Mister Magoo
de Goiânia
Mr. Magoo, o simpático personagem de desenho animado criado nos
Estados Unidos em 1949, é um velhote que se mete em enormes confusões
por ser praticamente cego. E aparece aqui neste texto na cota de humor
de um enredo de espionagem e ilegalidades desenhado e comandado de
gabinetes do Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás, e sob as
ordens do governador Marconi Perillo. “Mr. Magoo” é o codinome de um
hacker, cuja identidade está prestes a ser desvendada pelo Ministério
Público Federal, contratado para operar uma rede ilegal de grampos
telefônicos, criar perfis falsos na internet e invadir a privacidade de
dezenas de adversários e até de aliados de Perillo. O contato com o
hacker era intermediado por um casal de radialistas de Goiânia, Luiz
Gama e Eni Aquino.
Em 2011 e 2012, “Mr. Magoo”, dono de uma “visão cibernética”
invejável, ao contrário do personagem do desenho, serviu ao esquema com
grande eficiência. A partir das encomendas de Gama e Aquino por e-mails e
mensagens diretas via Twitter, o hacker montou um fenomenal arquivo de
informações retiradas de computadores invadidos e telefones celulares
grampeados. Pelos serviços, recebia entre 500 e 7 mil reais, a depender
da complexidade do trabalho e do alvo em questão. O dinheiro saía de
duas fontes antes de passar pela mão do casal de radialistas, segundo
documentos obtidos por CartaCapital. No início, o responsável
pelos pagamentos era o jornalista José Luiz Bittencourt, ex-presidente
da Agência Goiana de Comunicação. Na fase seguinte, a operação passou a
ser de responsabilidade de Sérgio Cardoso, cunhado de Perillo, atual
secretário estadual extraordinário de Articulação Política.
Além da participação do governador e de assessores diretos no esquema
de grampo e invasão de perfis na rede mundial de computadores, as
trocas de mensagens dos radialistas com “Mr. Magoo” revelam que o
governo de Goiás teria se utilizado de hackers oriundos de São Paulo e
Minas Gerais. O radialista sustenta ainda que parte desse serviço
importado chegou ao estado por meio de um contrato firmado com a
SMP&B, agência de publicidade que pertenceu a Marcos Valério de
Souza, figura central dos escândalos dos “mensalões” do PT e do PSDB.
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