Queridos blogueiros Eduardo Guimarães e Zé Augusto
Acesso os blogs de vocês permanentemente, às vezes duas ou
três vezes por dia. Nutro-me com eles, alimento minha indignação contra as
injustiças e reforço meus sonhos e luta pela
paz, ao ler principalmente o que vocês escrevem.
Claro, Edu e Zé, percebo que não conto com a mesma
consideração de vocês e tal sentimento se materializa pelo fato de não merecer
um espaço na lista de blogs e sites que vocês indicam. Lá estão blogs e sites
até de direita, mas o meu não logra o interesse de vocês. Eu provo que respeito
vocês dois e que valorizo a luta que fazem na mídia “internetizada”, já que o PIG
nos discrimina e nos odeia: os blogs de vocês dois listam-se na minha
comunidade há muito tempo, independentemente de vocês não gostarem de mim.
Reconheço-os como irmãos de luta e me emociono com a bravura de vocês. Alinho-me
na visão de que devemos unir todos e todas as lutas contra as forças principais
que diuturnamente atuam para destruir nosso povo e suas conquistas. Sei,
contudo, que há grupos, mesmo no campo da esquerda, que se jactam de serem donos
da verdade e respiram de narizes empinados na certeza de que as suas concepções
são as únicas e superiores possíveis. Seus andares de saltos altos não lhes
permite baixar-se ao nível dos que também lutam, porque, a seu juízo, não merecem
acolhimento. Talvez até pensem que pelo fato de serem patrocinados por grandes
estatais e por desfilarem em fofos tapetes do poder, como o Palácio do Planalto
e a amizade com ministros mais justos do STF, os torne melhores e superiores,
coisa que esse peão aqui do vale dos mortais não faz, por isso não merece que
comentários que faço em alguns blogs e até solicitações de participar de certas
ongs e organizações que lutam pela justiça sequer sejam respondidas.
Como escrevi acima, gosto muito dos blogs da Heloisa e do Zé
Augusto e do Eduardo Guimarães. Porém, sinto mais proximidade com o Edu por
razões bem simples. Ele é muito caloroso ao se referir com tanto carinho e respeito
à sua esposa, aos seus filhos e, em especial, à sua filha Victória. Sua página
no Facebook é pura demonstração de humanidade e de proximidade familiar.
Através das redes sociais Edu convive conosco como se fôssemos seus familiares.
Sabe transcender o frio profissionalismo burguês. O Eduardo que me perdoe, apesar
de não colocar o meu blog na lista enorme que tem no seu site – o que seria
muito bom para mim - eu o tenho como irmão. Acho que sou um pouco mais velho do
que ele, mas enfrentamos dramas semelhantes em nossa geração. Carregamos ambos,
cada um com seu jeito e consciência, enorme compromisso com nosso País e com a
nossa sociedade brasileira.
Porém, aqui e agora, ressalto duas visões de vida que percebo
nos blogs do Zé Augusto e do Eduardo Guimarães. Os dois são contundentes na
análise do julgamento feito pelo STF da camada Ação Penal 470 – da apelidada “mensalão”.
Os dois percebem que pelo STF escoam duas visões de sociedade, e de maneira conflitiva.
Uma representada por Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Gilmar Martins, Celso de Mello –
e de outros – e outra representada por Ricardo
Lewandowski – e outros. Os primeiros representam os interesses da mídia grande,
que defende os privilégios mesquinhos da classe dominante, atrasada, egoísta e
submissa aos apetites desenfreados do imperialismo internacional decadente. Lewandowski
sensibiliza-se pela linha da justiça que busca a defesa da verdade dos
oprimidos, dos injustiçados, dos eternamente marginalizados e pisados pelas
botas estúpidas dos opressores. Os dois blogs compreendem perfeitamente que o
STF não flutua fora da história e da luta de classes, mas que uns juízes agem
para defender a classe dominante e que outros tentam ao menos barrar que a
escória continue a praticar a opressão que perpetra ao povo brasileiro há 500
anos.
Porém, os Blog da Cidadania (o do
Eduardo Guimarães) e dos Amigos do Presidente Lula (do Zé Augusto e da Helena) propõem
soluções diferentes para esse embate de classe que o STF simboliza. Um dos
caminhos propostos me parece mais justo e educativo do que o outro, que se coloca
como acomodado e confiante de que haja na classe dominante algum princípio “do
bom burguês”.
Penso que o caminho mais justo é do
Eduardo Guimarães, que intitula o artigo que enfrenta a onda de golpe
canalizada pelo STF ao acenar para o enquadramento de Lula como “pai” do “mensalão”
que a mídia inventou, de “O indiciamento de Lula e o preço da covardiapetista”. O vocábulo covarde usado por Eduardo Guimarães é
forte, mas retrata bem a realidade de esmagamento não somente do PT, mas de
toda a esquerda que dá base ao governo Dilma. Parece até que muita gente boa
que sabe fazer análise teórica da conjuntura esquece que o STF, na verdade,
unido à mídia sustentada por gordas verbas públicas, exerce funções políticas. A
mídia há pouco tempo chegou ao ponto de intervir na vida pessoal do ex-presidente
Lula ao afirmar que ele mantinha um caso extraconjugal com uma alta funcionária
do governo federal, bem como antes falou mal de um filho do ex-mandatário da
Nação. Cito apenas dois exemplos de manipulações da intimidade de uma pessoa
extremamente odiada pelos algozes da justiça social. Noticiaram tantas barbaridades
que nenhum cidadão comum toleraria ao ponto de explicitamente a mídia mostrar a
torcida que fez pela morte de Lula, atingido que foi por um câncer na garganta.
Além disso, tudo o que mostra é para desmerecer as conquistas, ainda que
iniciais e pífias, do governo Lula em favor dos mais humildes.
Na mesma linha da denúncia de Edu
entrou o artigo do Zé Augusto intitulado “Mobilizaçãoa favor de Lula já está nas ruas. Você está convidado para os próximos eventos”.
Há nesse artigo do Zé dois equívocos: um é de confundir as comemorações de 10
anos de governo popular com mobilizações em defesa de Lula e do Brasil. Uma
coisa pode ajudar a outra, mas não são da mesma natureza. O outro engano é de
achar que os Gilmar, Joaquim e outros se contentarão em não encontrar nada contra
Lula no processo do “mensalão”. O Zé esqueceu que o julgamento que condenou sem
provas cidadãos inocentes foi com o puro objetivo político de golpear as
eleições de 2012 e preparar mais golpe para 2014. Portanto, se os ministros, de
ética questionável, condenaram e tripudiaram sobre inocentes e os condenaram
sem provas certamente julgarão e condenarão Lula sem provas. O objetivo é
desgastá-lo e sujar o projeto nacionalista de desenvolvimento com distribuição
de renda e futuramente de riquezas, também. O Zé, no fundo, aconselha que a
sociedade se desmobilize e que Lula renegue seu papel de maior líder nacional,
que abra mãos de defender o povo e se acovarde burguesamente a esperar que
Joaquim e Gilmar se convertam bondosamente à causa da justiça.
Agora, para completar o conselho
do Zé o dr. Aloizio Mercadante, ilustre ministro da Educação, escreve um
artiguinho em elogio ao “seu” Octávio
Frias de Oliveira, um sujo golpista e apoiador efetivo do golpe torturador e
assassino militar de 1964, dono do jornal de direita Folha de São Paulo. O
ministro Mercadante escarra sobre as vítimas das torturas da ditadura criminosa
ao escrever que o “seu” Frias sempre garantiu liberdade de imprensa à oposição
ao regime golpista. Será que Mercadante é um dos que pressiona para que o povo
não vá às ruas defender nossa liberdade, o projeto incipiente nacional de
desenvolvimento? Será que um dos principais fundadores do PT também se acovarda
agora pensando apenas em abocanhar a eleição para o governo de São Paulo sem
apaixonar-se pelo povo, que deve se libertar das mazelas causadas pelas
injustiças defendidas por certos ministros do Supremo Tribunal da Injustiça
Federal?
Creio Eduardo e Zé, que a mobilização
do povo hoje transcende as propostas em pauta em torno da merecida comemoração dos
10 anos de governo popular e das caravanas da cidadania, promovidas pelo
Instituto Lula. A mobilização em defesa dos atingidos pela Ação Penal 470 e das
ameaças reacionárias contra Lula e Dilma e pelos avanços do modelo de
desenvolvimento adotado desde 2002 deve ser nos moldes do “Diretas Já”. Há que
se convocar a Nação para avançar e não esperar a campanha eleitoral de 1014. Há
muita acomodação e ilusão com relação à campanha eleitoral. Esta já está
viciada.
A mobilização do povo é necessária
para colar a direita no seu insignificante lugar. Por hora é somente essa que se manifesta todos os
dias e todas as horas através da mídia que ela usa e abusa, sem nenhum controle
de ninguém. Mas, sobretudo, a mobilização de nossa ampla massa social e
trabalhadora é necessária por seu alto grau educativo. Povo mobilizado é
processo de conscientização. Nosso povo ama ir para as ruas. Este é espaço de
alegria, de festa, de encontro, de arte e de conscientização. A mobilização para ser forte tem se articular e ser articulada por todos os setores sociais, culturais e políticos e não somente por um partido ou por meia dúsia de partidos. Todos os países
que enfrentam com sucesso as ameaças de golpes e até são golpeados contam com
seu povo nas ruas. Não devemos de modo algum, por princípio ético e político,
abrir mãos de nossa missão de mobilizar nosso povo. O povo nas ruas une-se. O
povo fora das ruas em mobilização é massa informe e abstrata, facilmente vítima
da alienação e da covardia!
Abraços críticos e fraternos na
luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano,
farrapo e republicano.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seus comentários serão publicados. Eles contribuem com o debate e ajudam a crescer. Evitaremos apenas ofensas à honra e o desrespeito.