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quinta-feira

Um e-mail que muito, mas muito me honra



Querido irmão e camarada Antonio de Pádua Soriano

Agradeço-te emocionadamente por teu e-mail. Como diz meu amigo Dr. Norberto Garin, quando a gente escreve um texto, ao publicá-lo, ele não é mais nosso. Passa a ser de quem o lê e de quem o utiliza. O filósofo hermeneuta Paul Ricœur diz que os textos são interpretados e reconstruídos pelo leitor, na verdade como se fosse escrito no mínimo por dois autores: um o que o redigi e o outro o que o lê.


 

Porém, meu querido camarada Antonio Soriano, tu conseguiste mergulhar e nadar de braçadas no texto que escrevi para o Jornal Inverta, editado no Rio de Janeiro e destribuido nacionalmente, para minha honra. Tuas braçadas te trouxeram às margens de minha própria história, pouco particular porque pertencente ao nosso povo brasileiro.

Tens razão ao te referires a muitos “cristãos” e “cristãs” que traíram o povo e a luta aqui na América Latina. Ao entregarem militantes revolucionários a grupos de extermínio e aos bandidos da repressão de direita que tomou de assalto o poder de Estado no Brasil e em outros Países traíram o próprio Jesus. Eu mesmo fui e sou vítima dos facínoras que fingem cristianismo, porém são verdadeiras lixeiras do atraso político e social. Participam de missas e de cultos apenas para envernizar suas cascas grossas de uma religiosidade inútil e ópio do povo. Muitos desses ditos “cristãos” deduraram outros cristãos que militaram na construção da libertação de nossos povos na América Latina. Seus nomes inscrevem-se no livro dos fariseus no inferno.

Apesar de ser um dos mais humildes militantes que cresceu e amadureceu em pleno sofrimento durante a ditadura de direita e fascista que golpeou a liberdade em nosso País, fui e sou um dos alvejados pelos vermes do mal que ainda infestam nossas vidas. Durante muitas e muitas celebrações escutei os ruídos de gravadores de tais “cristãos” que gravavam meus sermões para entregá-los aos repressores nazistas. Graças a isso e à luta mais profunda fui prezo algumas vezes,  julgado  por um pelotão militar e condenado a dois anos e seis meses de prisão, enquadrado na famigerada “lei de segurança nacional” da ditadura. Fui anistiado, mas a marca de subversivo, terrorista, comunista que come criancinhas me acompanha sempre. Chegou ao ponto de um bispo de direita, quando o procurei para lhe falar de preocupações e até angústias pessoais, ao sair de sua sala, segundo eu soube depois, procurou madames da catedral e golpistas da paróquia que eu atendia para armar contra mim. Graças a isso adoeci e vivenciei enormes problemas de saúde além de perdas irreparáveis na minha família. Ainda crendo ingenuamente em alguma dignidade de bispo fui mais uma vez golpeado por outro em Marília, em São Paulo. Este extremamente fascista procurou me desmoralizar em público e me destruir a partir da denúncia de um dedo duro que me viu entrar e sair do gabinete do vereador prestigiadíssimo do PC do B, o médico Sidney Gobbeti, recentemente falecido.  Aqui em Goiânia fui contemplado pela perseguição de um nazista que veio da Suíça para me perseguir e destruir. Volta e meia alguém aparece para perturbar este pobre peão da luta. Como sou professor universitário seguidamente  coordenador neoliberal e direitista busca encontrar motivos para desdenhar da luta que me fascina.

Porém, meu querido Antonio, a alegria que anima minha vida é a de que nunca traí a causa revolucionária. Nunca traí a democracia. Nunca traí o povo. Nunca me omiti diante das injustiças, por mais aparentemente banais e pequenas que possam parecer. Nunca traí a missão do Reino pregado por Jesus, a de lutar sempre ao lado dos humildes e explorados. Já passei fome, e muita; já fui incompreendido e vítima de mentiras; já fui preso; já fui demitido por defender alunos pobres; vagas em escolas e universidades confessionais me foram negadas porque suas direções temiam que alunos, filhos de pais burgueses e direitistas, fossem “contaminados” por minhas idéias anti imperialistas e por me opor aos golpistas;  já dormi nas ruas,  mas nunca traí tais princípios. Meu lado sempre foi o do povo, dos trabalhadores e dos pobres. Neste lado morreirei.

Concordo contigo quando afirmas que muitos cristãos lutaram pela justiça revolucionária na América Latina. Conheci muitos. Contamos com muitos que não venderam a alma ao diabo. São muitos homens e mulheres de quem o traidor Silas Malafaia, por exemplo,  não é digno de apertar as mãos. Há poucos meses o mundo levantou-se em solidariedade ao profeta e apóstolo da justiça, Dom Pedro Cassaldáliga, perseguido por medíocres e atrasados proprietários rurais, que no Mato Grosso roubam as terras milenares dos indígenas, nossos irmãos.

Tomei a liberdade de publicar abaixo teu maravilhoso e-mail, meu irmão e camarada Antonio de Pádua Soriano.

Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.

Abraços críticos e fraternos sem trair a luta, jamais!

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Caro Dom ORVANDIL MOREIRA BARBOSA

Você deverá estranhar esse email, mas não é vírus nem um agente da Cia.

Parabéns pela matéria publicada no Jornal Inverta, nº. 463 - "RESPONDER AS PROVOCAÇÕES COM O POVO NA RUA: AGORA ,  ANTES QUE SEJA TARDE".  Belíssima matéria.

Há militante que luta um dia e é bom, tem militante que luta 1 mês e é ótimo. Você companheiro, veja como é excelente. Dentro de um conceito de igreja, encontra-se junto ao povo injustiçado, que é o que todas deveriam fazer - quantas delas apoiaram golpes e quantos religiosos deram suas vidas nas ditaduras Sul Americanas.

O que eu penso situa-se muito bem dentro do que você escreveu, pois minha cota é sempre de 10 jornais e quando li seu artigo me senti com força para combater cada dia mais e 24 horas por dia essa direita suja de esgoto.

Como já dizia Fidel, o primeiro conhecimento de um socialista que temos conhecimento foi Jesus Cristo. Tenho como um aliado os Padres da Teologia da Libertação.

Um dia nosso povo se libertará.

Atenciosamente e ao seu dispor,

Antonio de Padua Soriano

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