Amigo e
companheiro Prof. Laércio Júlio da Silva
Tu e eu descendemos do ventre da luta na história recente do Brasil. Primeiro contra a
ditadura imperialista militar. Depois pelas eleições “Diretas já” para
Presidente, governadores, prefeitos das capitais e áreas de segurança nacional.
Posteriormente contra as várias investidas neoliberais com Collor e FHC. Mas
foi marcante a luta para segurar o Presidente Lula contra o golpe que a direita
promovia com o denuncismo vazio de corrupção em seu governo, com o real
objetivo de retornar ao poder para continuar a sanha da entrega do País ao jogo
imperialista.
Nessa última luta tive a sensação de que entramos quase na
última hora, quase sem fôlego em face da onda de boatos que varria o Brasil
inteiro, com a mesma mídia colonizada e golpista no comando e a serviço dos
apátridas apodrecidos em torno do demotucanato. Mesmo assim o povo, ao cercar o Palácio do
Planalto, tirou o Presidente Lula do estado de acuamento ao qual fora empurrado
pelos golpistas. Alguns amigos comentaram que quando Lula viu o povo à frente
da sede nacional do governo compareceu com os ombros caídos e, à medida que a
multidão o insuflava a voltar às ruas, seu peito, cabeça e ombros se ergueram
com sua cor voltando ao normal. Dali Lula saiu para retomar o governo, até
àquele momento travado pelo medo de impeachment. Somente com o povo na Rua Lula
conseguiu governar e dos trabalhadores e classe produtora nunca mais se
afastou. Uniu a Nação e retomou o desenvolvimento com distribuição de renda,
ainda que incipiente e carente de avanços mais profundos.
Sinceramente, meu amigo Laércio, penso que estamos travados,
sem iniciativas contra as cavalares doses de veneno contra a democracia. Todos
os dias assistimos pela mídia descarada e golpista notícias e promoções do
incendiário, autoritário e mal educado ministro Joaquim Barbosa a ofender a
democracia e entrevistas do outro, Marco Aurélio Mello, a elogiar o golpe de 1º
de abril de 1964 “como mal necessário.”
Lamentável a decisão esmagada da direção nacional do PT que
recuou da nota e dos atos que faria em defesa da democracia e contra as tacadas
de arbítrio ensaiadas por ministros do STF.
Não vejo nenhum sinal por parte dos movimentos sociais, das
entidades de massas, das centrais sindicais, dos partidos de esquerda, dos
estudantes, das mulheres, do movimento ecumênico, de ninguém. Que aconteceu?
Que esperamos?
Não esqueçamos de que certamente no Paraguai o golpe deu
sinais, mas os líderes do povo não se mobilizaram para proteger e fortalecer o
Presidente Lugo, cujo golpe foi apoiado por Álvaro Dias, que logo correu a
Assunção para lamber as botas de Franco, o golpista, também bajulado pela
direita e pela mídia neoliberal aqui no Brasil. Aqui no Brasil não é diferente.
Flávio Aguiar, da Alemanha, num brilhante artigo reproduzido aqui, chega a
dizer que a direita no Brasil persegue o ex-Presidente Lula com o intuito de
terminar o “serviço” frustrado ao não conseguir derrubar o Presidente Vargas em
1954. Vestindo-se do fantasma de Lacerda a direita brasileira, sem a
competência da inteligência demonstrada na capacidade de escrever e de oratória
daquele,
impõe “denúncias”, notícias falsas, “reporcagens” e articulações no esforço de
destruir Lula e seu legado.
Porém, meu amigo Laércio, damos muita colher de chá a essa
direita e minimizamos sua capacidade de produzir golpes. Articula-se com a
mídia antiética e sustentada pelas tetas do Estado, que conta com tentáculos
internacionais. Denúncias sérias mostram que as empresas grandes da área de
comunicação contam com a participação de funcionários da CIA, com o objetivo de
enviar informações aos Estados Unidos. Lobistas do império e da mídia assediam
os parlamentares no esforço de impedir que os chefões das mentiras produzidas
pelo jornalões, das revistas, rádios e TVs compareçam a CPIs e à justiça para
prestar contas dos crimes contra a democracia e os patriotas que lutam com e
pelo povo.
Temo que esse marasmo em que nos encontramos para reagir
custe muito à democracia e aos avanços que conquistamos. Temo que traiamos a
história de lutas de Luiz Carlos Prestes, de Leonel de Moura Brizola, Miguel
Arraes, de João Amazonas, de Cláudio Campos, de Luiz Inácio Lula da Silva e de
tantas multidões de militantes apaixonados pela libertação nacional, pelo povo
e pela justiça social. Temo que tenhamos que retomar a luta para refazer as
conquistas que nosso povo e nossos mártires construíram.
Penso que passa da hora de nosso povo se levantar no
enfretamento do golpe que se arma em rede nacional de TV. É preciso que nos
levantemos agora com o objetivo de impedirmos o golpe contra Dilma e o massacre
da imagem do maior Presidente que este País já teve. Temos que voltar
imediatamente às ruas e praças do Brasil, nas cidades e nos campos.
A pauta da mobilização já é agendada pela conjuntura: lei de
médios para regulamentar a democratização da mídia, a discussão sobre a
constituição do Supremo Tribunal Federal, atualmente palco de exibicionismos de
juízes autoritários e de direita, reforma política com o objetivo de
democratizar as campanhas eleitorais e representações dos legítimos interesses
do povo, reforma agrária, com o objetivo de justiça na produção de alimentos,
reforma do sistema financeiro, ainda barranco de artilharia de roubos e desvios
de riquezas do povo e outros pontos prementes, que urgem no enfrentamento do
golpe com avanços políticos, sociais e econômicos.
Enfim, companheiro Laércio, penso que as densas nuvens
tempestuosas do golpe devem ser enfrentadas com a luminosidade da luta nacional
e popular. Não se trata apenas de defender a pessoa de Lula, mas de proteger o
patrimônio político e social que ele representa. A direita abjeta não tem o
direito de destruir os tesouros que o povo constrói em sua marcha na libertação
da dependência nacional e das injustiças. Defender a dignidade da Presidenta
Dilma é defender o Brasil e o modelo em aperfeiçoamento, mesmo que com muitos
defeitos, abraçados por ela e por nós.
Espero que as lideranças e organizações do povo se levantem e
nos inspirem à luta e ao enfretamento da direita, essa praga traiçoeira do
Brasil e do desenvolvimento. Essa é uma luta que transcende as campanhas
eleitorais, mesmo antes 2014, temidas pela aliança rabugenta, rançosa e
reacionária “demotucanappspig”. Há certos lixos que para serem removidos exigem
maior esforço. Há certos grupos que não conseguem entender as vozes do povo
expressas pelas urnas. Nossa fidelidade à democracia não deve esperar de braços
cruzados que os malfeitores se convertam da noite para o dia. Nossa história e
a de nossos vizinhos são ricas em exemplos de que os preguiçosos exploradores
do povo não desistem nunca de sua loucura a não ser que o povo os ponha no seu
lugar.
Abraços críticos, fraternos e solidários, Dom Orvandil.
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