Para procuradora da República, grupo de Cachoeira continua 'vivo e operando'
Em depoimento à CPI, Léa Batista de Oliveira afirmou que silêncio dos depoentes na comissão é prova de que a organização do contraventor ainda está ativa.
Em depoimento à CPI do Cachoeira nesta terça-feira (21), a procuradora da República responsável pela operação Monte Carlo, Léa Batista de Oliveira, afirmou a organização criminosa comandada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira não foi desarticulada e continua ativa, apesar de seu chefe estar preso. “É uma organização criminosa armada, sofisticada, complexa e ousada com código de silêncio orquestrado”, afirmou.
Segundo ela, isso a atividade do grupo fica claro pela estratégia de "silêncio orquestrado" adotada pelos acusados e pelas ameaças a autoridades. Lea afirma que investigações anteriores mostram que, normalmente, membros de organizações criminosas aceitam colaborar com as investigações em troca de reduções de pena, mas isso não acontece durante as investigações do grupo de Cachoeira. "Ninguém fala nada, é um código de silêncio, todos são leiais ao chefe da organização”, afirmou.
A procuradora relatou também três episódios em que recebeu ameaças que poderiam ser ligadas ao grupo: dois e-mails que diziam que "eu e minha família corríamos risco", enviados de Anápolis (GO), "reduto" do grupo de Cachoeira, a tentativa de uma mulher de entrar em seu apartamento às 5h45 e um episódio em que um dos seguranças identificou uma marcação no veículo usado por ela.
“Tivemos que alterar totalmente a nossa rotina e isso faz com que nossas famílias passem a absorver. Não é segurança para nós, membros do Ministério Público, mas também para nossas famílias”, disse Daniel Rezende Salgado, procurador da República que também depôs à CPI nesta terça-feira
Entretando, Léa acredita que a estratégia não atrapalhará as investigações. "Na ação penal, esse código de silêncio não vai interferir porque foi uma investigação muito bem feita, temos filmagens. Eles podem exercer o direito constitucional, mas isso não vai influenciar na ação penal", completou.
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De acordo com Lea, é necessário atingir o núcleo empresarial da organização para que ela pare de funcionar. “Enquanto não conseguirmos sufocar essa organização, em termos financeiros, ela vai continuar atuando, independentemente de o chefe estar preso ou não”, disse.
Para Salgado o vazamento de informações sobre as investigações foi responsável pela falha das investigações em atuar sobre o nível empresarial. "A antecipação da Operação Monte Carlo, em razão do vazamento de informações, fez com que deixássemos de investigar outras áreas. Tinha uma parte empresarial do grupo criminoso e não conseguimos investigar. Temos um material bruto que precisa ser submetido a análise", explicou.
A procuradora Léa lembrou ainda que, no início deste ano, as escutas telefônicas mostraram que integrantes da quadrilha haviam descoberto que estavam sendo investigados. Sabiam o nome da operação da PF e a Vara Federal responsável pelas investigações, por isso foi preciso antecipar a deflagração da operação Monte Carlo. “O juiz responsável pelo caso ficou vulnerável e, por isso, tivemos de deflagar a operação antes da hora”, afirmou.
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