Pedido para criar a comissão já tem 250 assinaturas, informa o deputado e delegado Protógenes Queiroz
O deputado e delegado licenciado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), afirmou na segunda-feira (19), em entrevista para o Correio do Brasil, que já conta com mais de 250 assinaturas de deputados apoiando a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias contidas no livro “Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. Segundo o autor do livro, os tucanos estiveram envolvidos em diversos crimes durante as negociatas com o patrimônio público brasileiro ocorridas na gestão de Fernando Henrique Cardoso.
“A Câmara não precisa de autorização do STF nem de ninguém para convocar o ex-presidente FHC a depor. Depende apenas da CPI, que já conta com mais de 250 assinaturas, das 171 necessárias regimentalmente”, esclareceu o parlamentar, na entrevista. Protógenes informa ainda que a CPI, uma vez instalada, passará imediatamente à fase de apuração da veracidade de todos os documentos contidos no livro de Amaury.
O jornalista revela, entre outras coisas, que o ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira, caixa e arrecadador das campanhas eleitorais de FHC e José Serra, participou ativamente no envio de mais de R$ 60 bilhões ao exterior, entre os anos de 1998 e 2002. Entre os documentos anexados está um laudo da própria Polícia Federal, com a assinatura dos peritos criminais Renato Barbosa e Eurico Montenegro. Ricardo Sérgio foi caixa das campanhas de José Serra (1990 a 1996) e de Fernando Henrique (1994 e 1998).
“Iremos inicialmente levantar a veracidade de um por um dos documentos citados no livro. O primeiro passo da CPI será a formação de um grupo de trabalho com esta finalidade. Os fatos revelados no livro, para nós, já são suficientes para a abertura de um procedimento dessa natureza e, uma vez confirmados tanto a origem quanto a autenticidade documental, estes fatos serão fortalecidos. Aferidas as provas apresentadas, o passo seguinte será a convocação de todas as pessoas envolvidas, entre elas o ex-presidente FHC e o ex-governador José Serra”, afirmou Protógenes.
No livro, que já vendeu milhares de exemplares e já é recorde de vendas, Amaury Jr. disseca o esquema do assalto coordenado pelo caixa de campanha de FHC e José Serra. “Antes de assumir como o homem do dinheiro de Serra e FHC, Ricardo Sérgio trabalhou durante 30 anos na área privada. Serviu ao banco Crefisul e ao Citibank e, mais tarde, estabelecendo-se por conta própria, abriu duas empresas. Sempre teve um confortável padrão de vida, mas tornou-se milionário, mesmo, depois de três anos na direção da área internacional do Banco do Brasil. Foi o único diretor do BB não indicado pelo presidente do banco, Paulo César Ximenes, e também o único com acesso a FHC”, denuncia o jornalista.
Entre os 250 deputados que assinaram a lista de apoio à criação da CPI da Privataria Tucana estão os deputados Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS), Antônio Imbassahy (PSDB-BA) e Fernando Francischini (PSDB-PR). O deputado paranaense esclareceu que não tem embaraço algum de apoiar a CPI, apesar de também pertencer ao PSDB. “Eu sou delegado, assim como o Protógenes, e me sinto mais como um delegado dentro da Câmara do que um político. Me sinto na obrigação de assinar qualquer CPI. Acho que tudo deve ser investigado e, se as denúncias forem verdadeiras, os culpados devem ser punidos”, afirmou Francischini.
Para o delegado Protógenes, “o foco será as privatizações na década de 90, baseado no livro de Amaury, que é um documento, não é uma história romanceada. É uma obra muito importante, que faz acusações graves, com fatos e documentos”. O parlamentar informou que, em conversa com o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), obteve dele a garantia de que a “CPI da Privataria” será instalada assim que ele entregar o documento com o numero regimental, ou seja, 171 assinaturas.
O livro de Amaury Ribeiro Jr. mostra, entre outras coisas, que as empresas de fachada offshore de Ricardo Sérgio Oliveira, Verônica Serra e seu marido Alexandre Bourgeois foram abrigadas no Citco Building, edifício-sede de um grupo de companhias de fachada localizadas nas Ilhas Virgens Britânicas. Ricardo Sergio mantinha há muitos anos empresas “offshore” em paraísos fiscais. Ele foi um dos principais operadores nas privatizações promovidas por Fernando Henrique Cardoso, especialmente nos casos da Companhia Vale do Rio Doce e do sistema Telebrás. Na diretoria internacional do Banco do Brasil durante o período da privatização da telefonia, Ricardo Sérgio foi flagrado confessando a armação do esquema para o leilão de entrega das teles. “Nós estamos no limite da irresponsabilidade”, disse ele, em telefonema, que foi grampeado, para Luís Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES e ministro das Comunicações de Fernando Henrique.
O livro de Amaury mostra ainda que na mesma ilha e no mesmo endereço (um escritório no Citco Building), onde Ricardo Sérgio tinha suas empresas offshores, o genro de Serra, Alexandre Bourgeois, abriu outras duas empresas offshores, logo depois das privatizações de FHC: a Vex Capital e a IConexa Inc. Também no mesmo endereço, ficava a Decidir.com – empresa criada por Verônica Dantas (irmã do banqueiro Daniel Dantas) e Verônica Serra (filha do ex-governador José Serra). A filha de Serra atualmente é ré e responde processo aberto pela quebra, por sua empresa, a Decidir.com, de sigilo bancário de mais de 60 milhões de pessoas.
SÉRGIO CRUZ
Fonte: Hora do Povo
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