A Polícia Federal apreendeu neste domingo (17), por determinação da Justiça Eleitoral, cerca de um milhão de panfletos que incitam voto contra a candidata à Presidência Dilma Rousseff — da coligação Para o Brasil Seguir Mudando. O material cita a posição favorável à descriminalização do aborto como argumento contra da candidata.
A gráfica que imprimia os jornais pertence à irmã do coordenador de infraestrutura da campanha de José Serra (PSDB), Sérgio Kobayashi. Arlety Satiko Kobayashi é dona de 50% da Editora Gráfica Pana Ltda, localizada no Cambuci, na capital paulista. A empresária é filiada ao PSDB desde março de 1991, segundo registro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O ministro do TSE Henrique Neves concedeu liminar para a apreensão do material atendendo a representação do PT para apuração de crime de difamação. O partido também pede investigação sobre quem pagou pela impressão.
O coordenador de infraestrutura da campanha de José Serra disse que o fato de sua irmã ser sócia da gráfica Pana é uma coincidência. A assessoria da campanha de Serra negou qualquer relação entre o candidato e a produção dos panfletos.
"A campanha de José Serra não aceita a insinuação de conluio de qualquer tipo entre a atividade eleitoral e a Igreja Católica. É um desrespeito à Diocese de Guarulhos e à própria Igreja imaginar que possam ser correia de transmissão de qualquer candidatura. A Igreja Católica não é a CUT", diz a nota.
Responsável pelo contato com a gráfica, Kelmon Luís de Souza afirmou que encomendou 20 milhões de panfletos em nome da diocese e que o dinheiro para a impressão veio de "doações pesadas de quatro ou cinco fiéis".
O panfleto é o mesmo distribuído na terça (12) em Aparecida (SP), pregando voto em candidatos que são contra o aborto nas eleições 2010.
As peças contêm o logo da CNBB, assinaturas eletrônicas de membros importantes da entidade e ataques ao PT, ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à Dilma. Nelas, o partido é acusado de "comprometer-se a legalizar o aborto", "reconhecer o aborto como direito humano da mulher", e "descriminalizar o aborto até o nono do mês de gravidez".
Crime eleitoral
Dilma definiu como “crime eleitoral” a distribuição do material assinado por membros da diocese ligada à CNBB. “É um crime eleitoral. Eu acho que tem uma central de boatos fazendo ofensiva contra a minha candidatura. Que são nitidamente ilegais e merecem ser investigados.
A candidata disse que o efeito da ação beneficia José Serra, mas não fez nenhuma ligação entre o tucano e a confecção dos panfletos. “Não é do meu feitio sair acusando sem investigação. Sabemos a quem beneficia: ao meu adversário. Se foi ele ou não, resta ser provado”.
CNBB
Bispos do braço paulista da CNBB divulgaram nota neste domingo na qual dizem que "não patrocinam a impressão e a difusão de folhetos". No entanto, o bispo que assina a nota, dom Nelson Westrupp (de Santo André), presidente a Regional Sul 1 da CNBB, também assina o texto reproduzido nos panfletos apreendidos.
"O Regional Sul 1 da CNBB desaprova a instrumentalização de suas declarações e notas e enfatiza que não patrocina a impressão e a difusão de folhetos a favor ou contra candidatos", diz a nota divulgada no domingo em Indaiatuba (SP). Os bispos que comandam a regional não quiseram falar após a apreensão dos panfletos.
Cerca de 50 bispos paulistas se reuniram durante duas horas no sábado (16) para redigir a nota que demonstra o recuo da regional. Eles avaliaram que o erro do texto de agosto, já retirado do site da regional, foi ter citado o PT e feito referência a Dilma.
"O erro que foi a apresentação de siglas partidárias. Isso não poderia ter acontecido", disse o bispo de Limeira, d. Vilson Dias de Oliveira.
Da redação com informações das agências
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