Meu querido pastor Jonas
Antonio Peixoto
Que coisa, hein? Ainda ontem
conversávamos sobre os compromissos da missionária Marina Silva, aliás, de tua
igreja – claro, nada a ver o fato de tu e ela serem da Assembleia de Deus. Tu
és inteligente e realmente comprometido com o povo - com os setores mais
suspeitos e sujos da política golpista nacional e internacional.
Na “carta aberta” que
escrevi à Presidenta Dilma mencionei que as contradições ativas nessas eleições
não se dão apenas entre eleitores que a apoiam e os da oposição neoliberal,
conservadora e de direita também ao lado da missionária Marina Silva. O
confronto é muito mais profundo e amplo: atinge a tensão entre o projeto
nacional e das novas relações internacionais representado pelo governo Dilma e
o do retorno à submissão aos Estados Unidos, como o desejam o senador Aécio
Neves e a missionária Marina Silva.
Para engrossar este debate entra a matéria bombástica e irrebatível de
um jornalista russo. Trata-se de Nil Nikandrov. Ele trabalha em Moscou e cobre questões de
política latino-americana; é conhecido crítico da devastação que governos
neoliberais promoveram em economias nacionais por todo o planeta. É autor da
primeira biografia de Hugo Chávez em russo.
Nil Nikandrov escreveu em
inglês, mas posto aqui a tradução em português que alguém fez. Lê com cuidado e
de modo racional, meu irmão.
O roteiro dos compromissos
da missionária Marina Silva com o imperialismo e com os golpes promovidos pelos
Estados Unidos é de parar a respiração. Essa senda diabólica é ratificada e ampliada por um artigo substancioso do blog do conhecido e respeitado jornalista brasileiro, Luis Nassif (clica aqui para ler e te arrepiares). A suspeita de sabotagem do avião de
Eduardo Campos (como já escrevi em outra “+Carta...”), com o exato e calculado
objetivo de promover e de financiar a campanha eleitoral e eleição de sua
aliada de confiança, é parte da agenda de apoio à candidatura e eleição da missionária Marina Silva. Portanto, apoios como os de Roberto Freire, que recebeu
boa bolada da “educadora” Neca Setúbal, de membros das equipes econômicas de
Collor e FHC e do fundamentalista gritão Silas Malafaia não são nada fortuitos,
mas obedecem a uma lógica bem concatenada, suja, mas bem organizada.
Lê o texto jornalístico
abaixo e compartilha, por favor.
Abraços críticos e fraternos
na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano,
farrapo e republicano, empenhado na defesa do Brasil contra o imperialismo.
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Eleições no Brasil: Marina Silva e a CIA-EUA é ‘caso’ antigo
12/9/2014, Nil Nikandrov,* Strategic Culture
12/9/2014, Nil Nikandrov,* Strategic Culture
Marina Silva é atual candidata do Partido Socialista à presidência do
Brasil. Em meados dos anos 1980s, ela já atraíra a atenção da CIA,
quando frequentava a Universidade do Acre. Naquele momento, estudava
marxismo e tornara-se membro do Partido Comunista Revolucionário,
clandestino. Durou pouco aquele ‘compromisso’: ela rapidamente se
transferiu para a ‘proteção do meio ambiente’ na Região Amazônica. Os
serviços especiais dos EUA sempre tiveram interesse muito especial
naquela parte do continente, na esperança de construírem meios para
controlar a área no caso de emergência geopolítica. A CIA fez contato
com Marina Silva. Não por acaso, em 1985 ela alistou-se no Partido dos
Trabalhadores (PT), o que lhe abriu novas possibilidades de crescimento
político.
Em 1994, Marina Silva foi eleita para o senado
brasileiro, com fama de ativista apaixonada a favor da proteção ao meio
ambiente. Foi quando começaram a circular informações sobre laços entre
Marina Silva e a CIA. Em 1996, ela recebeu o Goldman Environmental
Prize.[1] E recebeu inúmeras outras importantes condecorações: é praxe,
quando se trata de ‘candidatos’ que a CIA tem interesse em promover, que
o ‘candidato’ seja coberto de medalhas e condecorações.
Marina
Silva serviu como ministra do gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva até que, interessada em ‘voos mais altos’, e preterida, ela
abandonou o Partido dos Trabalhadores e mudou-se para o Partido Verde,
de início dedicada a protestar contra políticas ambientais apoiadas pelo
PT. Foi realmente um choque, na política brasileira, que a ex-ministra
tenha mudado tão completamente de lado, depois de quase 30 anos de
atividade a favor do Partido dos Trabalhadores.
Nas eleições de
2010, a candidata da CIA obteve quase 20 milhões de votos, como
candidata do Partido Verde; na sequência, para as eleições de 2014,
aceitou lugar na chapa de Campos, como vice-presidenta, quando
fracassaram seus esforços para criar seu ‘não partido’, mas ‘rede’,
chamada “Sustentabilidade”. Dilma Rousseff, candidata do PT contra a
qual se alinhavam já em 2010 todas as demais candidaturas, trazia planos
para dar continuação às políticas independentes do presidente Lula.
Nada disso interessava a Washington em 2010, como tampouco interessa
hoje, em 2014.
Daquele momento até hoje, as relações entre
Brasil e EUA só fizeram piorar, resultado do escândalo da espionagem
& escutas clandestinas. A Agência de Segurança Nacional dos EUA
espionou a presidenta Dilma Rousseff e membros de seu gabinete. A
presidente brasileira chegou a cancelar visita oficial que faria aos
EUA, como sinal de protes. Os EUA jamais apresentaram pedido de
desculpas ou comprometeram-se a pôr fim às atividades de espionagem. A
presidenta Dilma, então, agiu: denunciou as atividades da Agência de
Segurança Nacional e da CIA dos EUA na América Latina e tomou medidas
para aumentar a segurança nas comunicações e controle sobre
representantes dos EUA ativos no Brasil. Obama não gostou.
As
eleições presidenciais no Brasil estão marcadas para 5 de outubro. E
Washington está decidida a fazer de Dilma Rousseff presidenta de mandato
único. Não há dúvida alguma de que os serviços especiais já iniciaram
campanha para livrar-se da atual governante brasileira. Começaram a agir
com movimentos de protesto ditos ‘espontâneos’, que encheram algumas
ruas e foram amplamente ‘repercutidos’ na imprensa, nos quais os
‘manifestantes’ pedem mudanças (aparentemente, qualquer uma, desde que
implique ‘mudança de regime’) e o fim das “velhas políticas” [de fato,
nenhuma política é ou algum dia será ‘mais velha’ que o golpismo
orquestrado pela CIA no Brasil e em toda a América Latina (NTs)].
Ouviram-se grupos de jovens em protestos contra a propaganda e os
símbolos dos partidos políticos, especialmente do PT.
Não se
sabe até hoje de onde surgiram os recursos com os quais Marina Silva
começou a organizar sua ‘rede’ Sustentabilidade. A nova ‘organização’
visava a substituir os partidos tradicionais, que a candidata declarou
‘velhos’. Tendo obtido 19 milhões de votos, o que lhe valeu o 3º lugar
nas eleições passadas, ela contudo não conseguiu cumprir todas as
exigências legais para criar oficialmente sua nova ‘rede’. Até que a
tragédia que matou Eduardo Campos e seis outras pessoas, perto de São
Paulo, mês passado, deu a Marina Silva uma surpreendente segunda chance
para tentar chegar à presidência do Brasil. Para conseguir ser a
primeira mulher mestiça a chegar à presidência do Brasil, terá de
derrotar a primeira mulher que chegou lá antes dela, Dilma Rousseff, do
Partido dos Trabalhadores, PT; além o candidato Aécio Neves do PSDB,
partido pró-business, que hoje amarga um 3º lugar nas pesquisas. A Casa
Branca tem-se sentido frustrada.
Dia 13 de agosto, a campanha
eleitoral presidencial no Brasil foi lançada em área de incerteza,
quando um jato que conduzia o candidato do partido socialista, Eduardo
Campos, tombou sobre bairro residencial próximo de São Paulo. Morreram o
candidato e seis outras pessoas, passageiros e da tripulação, no
acidente que pode ter acontecido por causa do mau tempo, quando o Cessna
preparava-se para pousar. As mortes geraram uma onda de comoção
nacional, que provavelmente evoluirá para especulações sobre o efeito
que terão nas eleições do próximo 5 de outubro. A presidenta Rousseff
declarou três dias de luto oficial por Campos, ex-ministro do governo do
presidente Lula. A aeronave passara por manutenção técnica regular e
nenhum problema foi detectado. De estranho, só, que o gravador de vozes
da cabine do avião não estava operando, o que gerou suspeitas. O
gravador operara normalmente e gravara várias conversações na cabine,
mas nada gravou no dia da tragédia. O avião já passara por vários
proprietários (empresários norte-americanos e brasileiros,
representantes de empresas de reputação duvidosa), antes de chegar à
campanha dos candidatos Eduardo Campos e Marina Silva.
Para
alguns comentaristas brasileiros, há forte probabilidade de que tenha
havido um atentado, que resultou no assassinato de Eduardo Campos. Antes
da tragédia, o avião foi usado pela agência antidrogas dos EUA, Drug
Enforcement Administration (DEA). Enviados de antigos proprietários do
avião tiveram acesso ao local do acidente, sob os mais diferentes
pretextos. Difícil não conjecturar se teria havido agentes dos EUA por
trás da tragédia. Mas ainda não se sabe exatamente sequer o que
aconteceu. Saber quem fez, se algo foi feito, demorará ainda mais.
O avião decolou do Rio de Janeiro, onde opera uma estação da CIA, em
território do consulado dos EUA. Não há dúvidas de que aquele escritório
é usado pela Agência. Talvez os serviços especiais do Brasil devessem
dar atenção especial a personagens que rapidamente deixaram o país,
imediatamente depois da tragédia em Santos. A morte de Eduardo Campos
teve efeito instantâneo sobre a candidatura do Partido Socialista:
Eduardo Campos jamais passara dos 9-10% de preferência nas pesquisas,
mas Marina Silva rapidamente surgiu com 34-35%, na votação em primeiro
turno. Agora, se prevê que a eleição seja levada para o segundo turno.
O principal problema de Marina Silva é que é sempre difícil entender
quais seriam suas reais intenções e projetos. É uma espécie de
‘imprecisão’ que se observa constantemente no discurso de candidatos
promovidos pelos EUA. Marina Silva mudou de lado, sempre muito
dramaticamente, inúmeras vezes. Ao unir-se a Eduardo Campos, por
exemplo, a candidata várias vezes se manifestou a favor de manter bem
longe do Brasil as ideias de Chavez (Hugo Chavez – falecido presidente
da Venezuela, conhecido pelas convicções socialistas e políticas de
esquerda). Mas ela serviu ao governo do presidente Lula, conhecido e
muito respeitado defensor do chavismo. (...)
De fato, ao tempo
em que a campanha avança e as eleições aproximam-se, Marina Silva vai-se
tornando cada vez mais neoliberal. Já disse que não vê sentido em fazer
dos BRICS um centro de poder multipolar, nem em apressar a
implementação de medidas já decididas dentro do bloco, como criar um
banco de desenvolvimento, um fundo de reserva, etc. Já manifestou
‘dúvidas’ sobre o Conselho Sul-americano de Defesa, e diz, em discussões
com assessores íntimos, que quer dar menos atenção ao Mercosul e à
Unasul (União das Nações Sul-americanas, união intergovernamental em que
se integram duas uniões aduaneiras, o Mercosul e a Comunidade de Nações
Andinas, como parte do processo de integração sul-americana). Para
Marina Silva, mais importante é desenvolver relações bilaterais com os
EUA.
Fato é que os brasileiros estão já habituados a quase 20
anos de progresso social no país, com os governos do presidente Lula e
da presidenta Rousseff. A população é ouvida, as reformas acontecem, o
que foi prometido está sendo construído, o Brasil vive tempos de
estabilidade e de avanços.
Se Marina Silva chegar à presidência
(George Soros, magnata norte-americano, investidor e filantropo, tem
alimentado a campanha dela com quantidade significativa de fundos),
deve-se contar com o fim de vários programas sociais e políticos, o que
pode vir a gerar grave descontentamento popular. Há quem diga que os
escritórios dos EUA no Brasil estão repletos de agentes dos serviços
especiais, encarregados de ‘gerar’ ‘protestos’ naquele país. *****
* Nil Nikandrov é jornalista, russo, trabalha em Moscou e cobre questões de política latino-americana; é conhecido crítico da devastação que governos neoliberais promoveram em economias nacionais por todo o planeta. É autor da primeira biografia de Hugo Chávez em russo (NTs, com informações de http://www.4thmedia.org/category/nil-nikandrov/).
[1] Sobre o prêmio, ver http://en.wikipedia.org/wiki/Goldman_Environmental_Prize . Além de Marina Silva, outro brasileiro recebeu esse prêmio, um “Carlos Alberto Ricardo”, fundador da ONG “Instituto Socioambiental”, em 1992, como se lê em http://en.wikipedia.org/wiki/Carlos_Alberto_Ricardo [NTs].
www.strategic-culture.org
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