No dia dos 45 anos do AI-5, duas escolas mudam de nome para ensinar democracia
13 de dezembro de 2013 | 07:49 Autor: Fernando Brito
Hoje, dia do 45° aniversário do famigerado AI-5 – muita gente não
sabe, mas houve outros, antes, também cassando direitos políticos, como o
AI-2, já em 1964 – leio em O Globo uma notícia própria para limpar os
céus nesta manhã.
Duas escolas – uma no Rio outra em Salvador – mudam de nome, por
decisão de professores e alunos, para ser livrar da carga que terem como
patrono dois ditadores lhes traz.
A Escola Emílio Médici, em Salvador, passa a ter o nome do baiano Carlos Marighella, assassinado em seu governo.
A escola Costa e Silva, no Rio, um energúmeno rematado, passa a ter o
nome do poeta, ator e militante social Abdias do Nascimento, a quem eu
tive a honra de conhecer e partilhar das causas anti-racistas.
As meninas aí da foto – baianas como Marighella, negras como Abdias
-, simples pré-adolescentes, que estão votando para a escolha do nome
de sua escola – coisa que os brasileiros não pudemos fazer por quase 30
anos – bem que poderiam chamar os ministros do nosso Supremo Tribunal
para se sentarem uns dias por lá.
Quem sabe aí aprendessem que o resgate da verdade histórica é um
dever de quem quer o progresso humano e que, afinal, o castigo que se
deseja para quem fez tanto mal nem é contra suas pessoas, as físicas,
que em geral já se foram.
O castigo que se quer é, sobretudo, que todo um povo saibam o que
fizeram, quem fez, para que seus nomes, vivos no passado, se apaguem
eternamente no futuro.
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