Querida
amiga Psiquiatra Marcia Tigani
Novamente escrevo à querida amiga. Faço-o por perceber seu
alto nível de compreensão da realidade social e política de nosso País.
Tenho a impressão, querida amiga, de viver cercado por “intelectuais”
absolutamente imbecilizados e alheios aos fatos reais. Na quinta-feira à noite conversava com meu
amigo e biólogo Prof. Wagner Coelho e lhe dizia que a hipótese que formulo para
explicar a causa de tanta rasura é a da formação – deformação - de nossas péssimas instituições educacionais
ditas superiores.
Ao contrário desse contexto pavoroso ilumino-me com o brilho
de minha amiga, que tenho a honra de contar em minhas relações, nesse momento
ainda online.
Sua participação no debate propiciado pelo horror do
julgamento de exceção, feito para perseguir pessoas como José Dirceu e José
Genoino, me consola por ver uma médica especializada em psiquiatria jogar-se
inteira e com indignação contra a barbárie de sub pessoas como Joaquim Barbosa,
Marco Aurélio de Mello, de Gilmar Martins e outros paus de arrasto da direita empedernida
e encharcada de ódio.
Minha caríssima amiga Drª Márcia demonstra que o cérebro vale
quando usado com inteligência no enfrentamento das injustiças. A mente assim
utilizada ajuda a razão no seu papel de entender a realidade e não de
escondê-la. Por isso lhe peço amiga, continue a luta e incremente-a cumprindo
sua promessa de lutar mais aguda e organizadamente na luta contra as injustiças.
Pois bem, minha querida amiga Marcia, sinto-me profundamente
abalado com as atrocidades praticadas pelo Supremo Tribunal Federal. Meu peito
dói. As lágrimas não se estancam desde sexta-feira. Meu sono não vem. Não me
alimento satisfatoriamente e sou tomando por gigantesca tristeza.
Ora, não sou advogado, embora um psicotécnico que fiz quando
ingressei no seminário indicasse que essa profissão seria uma de minhas
possibilidades. À medida que amadureço entendo que tal vocação é em virtude de
meu profundo apego à luta pela justiça. Prefiro a luta pela justiça social como
cidadão e patriota. Apesar de não entender do direito porque não sou advogado
li tudo o que pude sobre essa ação penal que a mídia caluniosa denomina de “mensalão”.
Vi que intelectuais, advogados, juízes e juristas sérios, de esquerda e de
direita, são unânimes em avaliar que esse julgamento é absurdo e
distorcidamente político. Os autos desse maldito e satânico processo não provam
crimes cometidos por Dirceu, por Delúbio, Genoino e muitos outros.
Portanto, o objetivo dessa lambança é o de tumultuar
possíveis avanços políticos do Brasil. Quem move as peças no STF são forças
obscuras e destruidoras do bem e da justiça social.
Minha dor aumenta ao ver que as injustiças de Joaquim Barbosa
e sua tropa de brucutus cegos de ódio transpõem essa coisa que ele chama de
veredito e de ordem para prender falsos réus. As injustiças do grosseiro e
traidor dos negros, dos pobres e da justiça, Joaquim Barbosa, ameaçam a vida de
José Genoino. A família desse patriota sofre sem medida com as possibilidades
de morte causada pela irresponsabilidade de Joaquim Barbosa. Abaixo posto
matéria do site Brasil 247, fruto de entrevista feita pelo jornalista Eduardo
Guimarães com a filha aflita do deputado José Genoino. Meu Deus, Drª Marcia,
essa situação é revoltante e indescritivelmente triste. Veja abaixo a matéria.
Abraços críticos e revoltados na luta pela justiça e pela
paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano
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Miruna Genoino: "peço que saibam quem é meu pai"
Filha de José Genoino, Miruna Genoino, em
entrevista concedida a Eduardo Guimarães, colunista do 247 e editor do
Blog da Cidadania, relata quadro delicado de saúde do pai, revela
preocupação da família com ele e faz apelo à sociedade; "Pedimos que a
sociedade se informe. Qualquer pessoa que se informar de verdade, que
não assumir o discurso da Rede Globo, do jornal Folha de São Paulo, da
revista Veja, de todos os grandes meios, vai saber que a única coisa que
meu pai fez nesta vida foi colocar acima de tudo o ideal dele por
justiça social", diz ela
Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania - No
começo da tarde de domingo, fui procurado por amigos da família de José
Genoino. Pediram-me ajuda para divulgar um drama humanitário que vai se
formando por ação da prisão intempestiva dos réus do julgamento do
mensalão.
A família do ex-presidente do PT teme por sua vida e, conforme
matéria do jornalista Paulo Henrique Amorim em seu blog, um laudo médico
apoia tal temor.
De posse dos telefones de Rioko e Miruna – respectivamente, esposa e
filha de Genoino – escolho a filha, julgando que estaria, talvez, menos
abalada do que a mãe. Ledo engano. Estava muito abalada, mas, assim
mesmo, falou sobre a saúde do pai e mandou um recado à sociedade.
Miruna conversou comigo aos prantos, arrastando-me para o seu estado
de espírito, o que me fez terminar a entrevista igualmente abalado. Mas
falou muito bem. A professora paulista de 32 anos é uma moça de mente
ágil e, apesar da emoção, conseguiu exprimir com clareza do que seu pai,
sua família e seus amigos mais precisam neste momento.
Segue, abaixo, a transcrição da entrevista com Miruna Genoino.
—–
Blog da Cidadania – A imprensa está repercutindo o estado de
saúde do seu pai, de que seria delicado e ele não estaria sendo mantido
em boas condições, o que poderia gerar risco para a saúde dele. O que
você pode dizer sobre isso?
Miruna Genoino – No dia 24 de julho, meu pai
contraiu a doença mais grave da cardiologia, uma dissecção da aorta, e
teve que sofrer uma cirurgia de 8 horas, da qual tinha 10% de chance de
sobreviver, mas ele sobreviveu porque é um guerreiro. Em seguida, porém,
ele sofreu um micro AVC.
Meu pai está tomando cinco medicamentos diferentes em dois horários
do dia. Até então, ele não tinha entrado em nenhum avião. O voo o fez
passar mal, talvez a pressão da cabine. A médica que o acompanha nos
informou que alguém que passou por tudo isso não poderia estar sendo
submetido a tal pressão. Meu pai deveria ser hospitalizado.
Ele viajou ontem de manhã a Brasília e às duas horas da manhã deste domingo ainda não estava acomodado.
Estamos com uma grande preocupação com a saúde dele; é a nossa maior
preocupação, agora. A nossa luta é para provar a inocência do meu pai,
mas, neste momento, a grande preocupação é com a saúde dele.
Blog da Cidadania – Como está o emocional da sua família?
Miruna Genoino – A gente está num momento muito,
muito difícil. O meu pai, antes de sair de casa para ser preso, nos
disse que já tinha ficado confinado muito tempo em cela forte [durante a
ditadura] e que estava preparado para isso.
Ele tem dois netos, os meus filhos, e eles estão muito assustados…
Blog da Cidadania – As crianças estão com vocês aí em Brasília?
Miruna Genoino – Eles ficaram em São Paulo.
Mas ele ter sido transferido para Brasília ainda nos causa um
transtorno emocional ainda maior, porque a gente tem que ficar longe das
crianças…
[Miruna chora]
É muito complicado o nosso estado emocional…
Blog da Cidadania – Miruna, você está abalada com tudo isso
e, assim, não gostaria de prolongar esta entrevista. Mas como sabemos
que você, com suas declarações, está ajudando a que as pessoas entendam
que há seres humanos por trás de toda essa história, concluo perguntando
o que a família de José Genoino tem a dizer à sociedade.
Miruna Genoino – Pedimos que a sociedade se informe.
Qualquer pessoa que se informar de verdade, que não assumir o discurso
da Rede Globo, do jornal Folha de São Paulo, da revista Veja, de todos
os grandes meios, ela vai saber que a única coisa que meu pai fez nesta
vida foi colocar acima de tudo o ideal dele por justiça social…
[Miruna volta a chorar]
Ele saiu do sertão do Ceará para tentar melhorar a vida das pessoas. E
a vida inteira ele se sacrificou em todos os sentidos porque essa
sempre foi a única luta dele. Então, se as pessoas se informarem todo
mundo vai saber o homem que ele é…
[Chora de novo]
Eu só peço isso….
[O pranto aumenta]
Que não assumam… O discurso… Dessa mídia… Que procurem saber a verdade, ouvir o outro lado, o que meu pai tem a dizer…
(…)
—–
Percebi, nesse ponto da conversa, que só me cabia deixar a família
com sua dor e, em vez de continuar chorando do lado de cá enquanto essa
menina da idade da minha filha maior chorava do lado de lá, vir escrever
o clamor emocionado dessa família, que pode perder aquele que tanto
ama.
Concluo, pois, exortando as autoridades judiciárias a que respeitem o
direito, apenas o direito de Genoino. Não pedimos, os parentes, amigos e
até os admiradores dele que tenha regalias que ultrapassem os limites
da lei, mas que não seja retaliado. Ele tem direito de receber cuidados
médicos como qualquer cidadão privado de liberdade.
Genoino deveria estar num hospital. Levem-no para lá. Quem lhe nega
esse direito a um tratamento digno responderá pelo que vier a lhe
acontecer. Essa é a promessa de muitos que não se deixaram enganar pelos
inimigos dele e que estarão muito atentos a cada minuto da vida desse
homem, a partir de agora.
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