Meio milhão de crianças pararam de trabalhar no Brasil em três anos, diz OIT
Dados da Organização Internacional do Trabalho mostram que o número de crianças no País em postos de trabalho caiu de 2,1 milhões para 1,6 milhão
23 de setembro de 2013
Jamil Chade, correspondente de O Estado de S. Paulo
GENEBRA - Cerca de 500 mil crianças deixaram de trabalhar
no Brasil em apenas três anos, um marco que a Organização Internacional
do Trabalho destaca como um modelo que deve ser seguido em outras
economias. Dados divulgados nesta segunda-feira, 23, pela entidade em
Genebra revelam que entre 2008 e 2011 o número de crianças em postos de
trabalho caiu de 2,1 milhões para 1,6 milhão.
O combate ao trabalho infantil se transformou em uma das maiores
bandeiras da entidade nos últimos anos e os resultados em todo o mundo
começam a aparecer. Em pouco mais de dez anos, o número de vítimas do
trabalho infantil caiu em um terço. Mas, apesar dos avanços inéditos, o
mundo não atingirá a meta de eliminar o trabalho de crianças até 2016,
como governos haviam prometido. Atualmente 168 milhões de pessoas ainda
são vítimas do trabalho infantil. Destas, 40 milhões delas tem menos de
14 anos de idade.
Os dados estão sendo divulgados às vésperas da conferência global
sobre o assunto, que ocorre em outubro em Brasília, dão a dimensão do
progresso. Entre 2000 e 2012, o número global passou de 245 milhões de
crianças para 168 milhões.
Em termos percentuais, 16% das crianças no mundo trabalhavam em 2000.
Hoje, essa taxa é de 11%. A agricultura ainda lidera como o setor que
mais emprega crianças, com 98 milhões de menores envolvidos, cerca de
60% de todas as crianças que trabalham. 54 milhões deles ainda trabalham
em serviços, contra 12 milhões na indústria.
A maior redução foi registrada entre garotas e na Ásia. O número de meninas empregadas foi reduzido em 40% entre 2000 e 2012.
Um exemplo de avanço citado pela OIT é o Brasil. Em 2008, 5,4% das
crianças entre 5 e 15 anos no País trabalhavam. Em 2011, essa taxa caiu
para 4,7%. A previsão da OIT é de que o governo brasileiro irá divulgar
seus números de 2012 durante a conferência de outubro e que mostrará uma
queda ainda maior.
Mas os avanços no Brasil não estão sendo acompanhados no restante da
América Latina, onde o progresso é considerado como "lento". Entre 2008 e
2012, entre 2008 e 2012, o número de crianças trabalhando caiu de 14,1
milhões para 12,5 milhões. Mas um terço dessa queda ocorreu graças ao
Brasil.
No total, a taxa de crianças latino-americanas que trabalham foi reduzida de 10% para 8,8%.
"Parece que os bolsões onde ainda existe trabalho infantil são de
difícil acesso", comentou Constance Thomas, responsável dentro da OIT
pelo departamento. Na Colômbia, por exemplo, o número de crianças em
postos de trabalho chegou a aumentar.
A avaliação da OIT é de que apenas o crescimento econômico em países
emergentes não é suficiente para acabar com o trabalho infantil. Para
que isso ocorra, são necessárias leis, combate às práticas e
estratégias. "Os avanços ainda são lentos", declarou Guy Ryder,
diretor-geral da OIT.
Para 2016, a meta era a de que o número de crianças trabalhando fosse
reduzido a um mínino, meta que a OIT já admite três anos antes que será
frustrada.
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