Caro Médico Fernando Machado, Secretário da Saúde de Goiânia
Antes de lhe denunciar os maus serviços de uma médica de seu
sistema municipal de saúde, permita-me uma divagação sobre o conceito coxinhas.
As redes sociais definem como coxinhas as pessoas da dita classe
média (esta realmente não existe. Não verdade só existem as classes dominante e
dominada), que saíram às ruas em manifestações contra tudo e contra todos. Gritavam
contra governos, partidos, sindicatos, entidades estudantis, tudo, menos contra
o capitalismo e seus privilégios. Ingênuas ou de má fé não creem que o mundo se move pela luta de classes. Alguns de seus "intelectuais" até afirmam que as manifestações de rua em junho e ainda agora não revelam o conceito de luta de classes. Estes também são coxinhas, daquele tipo arrogante e "babacacionado", que lê alguns livrinhos de clássicos e saí esnobe a dizer que o mundo deve ser do jeito como eles, os coitados pobres de mente, o interpretam. Na verdade, a maioria dos coxinhas é vergonhosamente manipulada pela elite neoliberal, como muito bem identificou o Papa
Francisco. Muitoss, inclusive, de tão covardes, encobriram suas caras para não
serem reconhecidos. Entre os seguimentos coxinhas marcharam médicos e
estudantes de medicina. Foi impressionante a contradição desses profissionais, pretensamente preparados para salvar vidas, demonstrada em enterros do ministro da saúde, seu
colega e médico Alexandre Padilha. Como podem médicos matar uma pessoa e
sepultá-la, mesmo que simbolicamente? Duas características demonstradas pelos coxinhas
médicos são a falta de educação e o autoritarismo. Ora, Alexandre Padilha
dispôs-se a dialogar com essa categoria, mas encontrou muitos deles de costas
viradas contra o ministro e sua proposta de diálogo.
Pode haver maior grosseria do que alguém virar as costas para
não ouvir o que outra pessoa tem a falar? Quando alguém vira as costas é porque
a relação se torna impossível. Este gesto encerra a possibilidade de ouvir e de falar. Os médicos que esnobam e adoram ser chamados de doutores, mesmo sem sequer fazer algum curso de especialização, deram gritante mau exemplo da falta de educação e de preparo humano, sem consciência social e sem politização.
Parece que as associações médicas e os médicos brasileiros
querem apenas lucrar com a doença e com a morte dos cidadãos brasileiros. Viraram
playboys preguiçosos, como eu já refleti em outro artigo anterior (clique aqui para lembrar). Só querem vida boa e status, como deuses a ser reverenciados.
Ir para os interiores do Brasil, ao encontro das populações mais carentes a
abandonadas, jamais. Agora mesmo, depois de o Governo Federal disponibilizar cadastros
para médicos brasileiros, com salários muito acima da média de outros
profissionais, com todo o apoio das comunidades interioranas e de prefeituras,
apenas pouco mais de mil médicos se cadastraram, para as cidades litorâneas. Coisa
de coxinhas, sem a menor consciência patriótica, social e cidadã. Querem vida
burguesa nas capitais e cidades de grande porte.
Pois bem, caríssimo Médico Fernando Machado, nesta semana me
senti muito mal, asmático que sou. A umidade do ar aqui em nosso Centro Oeste é
baixíssima e atentatória a quem sofre desse problema. Aguentei o quanto pude usando minha
bombinha e recursos de umedecimento artificial dos meus ambientes. Em razão de
pressão baixa, dificuldades incontornáveis para respirar e forte desânimo
procurei o posto de saúde de emergência – o CAIS – aqui na Vila Nova, bairro
onde moro. Apresentei-me ao balcão para os procedimentos corriqueiros de preenchimento
do cadastro. Esperei mais de 4 horas para o atendimento. Quando
fui chamado me senti enormemente mal atendido por uma médica, inclusive com
debate desnecessário sobre conceito de pressão baixa, sustentado por ela. Rapidamente
me receitou medicamentos para aplicação com soro. As funcionárias, humildes e
trabalhadoras, foram afáveis e cuidadosas comigo. Até que o soro
acabou. Chamei alguém solicitando que fechassem a válvula da mangueirinha, mas
ninguém o fez, para meu desespero temendo encher minhas veias de ar. Então eu
mesmo tomei a providência de fechá-la. Ato contínuo, pedi que retirassem o
equipamento de minhas veias. As enfermeiras se negaram comentando que a dita
médica não gosta que elas retirem o aparelho, xingando-as e humilhando-as. Perguntei
o que deveria fazer. Disseram-me para aguardar. Senti tonturas, ânsia de vômitos
e temi coisa pior. Quando passou o mal estar fui com o equipamento enfiado no
braço esquerdo até o consultório da médica quando a encontrei jogada para trás
em sua cadeira em conversa e gargalhadas com outra pessoa, supus que sua colega.
Rispidamente, como se ralha um cachorro sujo e pulguento (claro, não defendo
tal atitude nem para os animais), me mandou ir embora para a enfermaria e
esperar que quando ela quisesse me atenderia. Antes de eu sair me disse: não,
espera. Mandarei uma enfermeira tirar isso de você. Solicitei-lhe um atestado
de que consultara e que comprovasse que eu não dispunha de condições de trabalhar, muito menos de
dirigir, sendo risco para mim e para outros no trânsito. Grosseiramente preencheu um
formulário descrevendo dispensa das 15h às 18h15m, quando já eram 19h, portanto,
já passara da hora de minha entrada em sala de aula na faculdade onde leciono. Argumentei que à tarde quando esperei eu não estava em hora de trabalho,
sempre com respeito, até porque me sentia fragilizado, que eu carecia de um
atestado que evitasse prejuízo salarial já que eu não dispunha de condições
para trabalhar à noite, quando teria alunos para atender. Ela, então, arrancou o formulário que preenchera de minhas mãos, embolou-o e
sinalizou jogá-lo em meu rosto. Conteve-se. Preencheu outro, com muita má
vontade, atestando que eu precisava de um dia sem trabalhar por razões de
saúde. Novamente saí com o tubo de soro enfiado no braço esquerdo para aguardar
que uma enfermeira o retirasse. Ainda aguardei por cerca de 30 minutos.
A sensação que tive, Médico Fernando, ilustre Secretária
de Saúde do Município de Goiânia, foi de tremenda falta de respeito. Por isso
me recordei do conceito de coxinha. Seria essa médica um coxinha? Por enquanto
preservarei seu nome nessa denúncia pública. Mas a referida médica me atendeu
no primeiro consultório à esquerda, logo após a porta depois do balcão, na
sexta-feira, dia 08 de agosto de 2013, à tarde e à noite.
Penso, dr. Fernando Machado, que a atitude dessa profissional
se opõe aos propósitos do governo de Paulo Garcia, prefeito dessa cidade, também médico. Na
sua campanha eleitoral ele prometeu todos os cuidados com a saúde dos cidadãos dessa
cidade. Não foi o que senti nesse desastrado e desrespeitoso atendimento. Certamente
o senhor segue a orientação do prefeito. Conclamo-o a verificar esse caso. Quanto a mim
disponho-me a dar todas as explicações necessárias, pois, pelo que se vê todos
os dias pelas TVs daqui, muitas pessoas são assim desprezadas pelos coxinhas,
muito dispostos a lucrar com as doenças e ainda a maltratar os cidadãos.
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seus comentários serão publicados. Eles contribuem com o debate e ajudam a crescer. Evitaremos apenas ofensas à honra e o desrespeito.