Querido comandante Cornélio
Sempre tive imensa admiração por ti, meu irmão. Apesar de
pertenceres a um poderoso exército, acostumado a invadir, rebentar as culturas,
as articulações sociais, as vidas das pessoas e dos povos, nunca te permitiste
ser desumano e desrespeitoso, mesmo devendo obediência aos superiores,
serviçais cegos da opressão.
Pois bem, meu caro, aqui no Brasil passamos por ditadura
tinhosa e terrorista. Para cumprir os ditames do terror contou com militares e
soldados cegos, estúpidos e bandidos. Muitos deles, para praticar atrocidades
contra pessoas desarmadas e inocentes, baixaram a cabeça sem inteligência e o
peito sem coração, como asnos xucros a dar coices, prenderam, torturaram e
mataram, sempre alegando disciplina e obediência à hierarquia. Na verdade, suas ações eram de covardes e
criminosos. Pena que a tal Comissão Nacional da Verdade – que Paulo Henrique
Amorim denomina de comissão da meia verdade - ainda não se tomou da mesma
coragem do governo argentino, que puniu os bárbaros maus militares de lá,
averiguando e justiçando aquela escumalha histórica.
Policias a serviço de marginais, que se intitulam donos de
setores do Estado, rompem com o sentido do serviço público, do serviço ao povo e
à sociedade. Suas atividades esvaziadas do sentido essencial são de atentado à
ordem democrática e aos direitos humanos. Tornam-se bandidos e criminosos. É
assim em São Paulo, onde graves crimes associados com a perseguição social são
cometidos por subservientes não a uma hierarquia a serviço do Estado, mas a
setores apodrecidos que dominam os aparelhos públicos. Daí a lista enorme de
barbaridades e atrocidades cometidas contra o povo: a matança de crianças,
adolescentes e jovens, cujas notícias enchiam de sangue as telas de TVs das emissoras
comerciais, o banimento, tortura, estupros e morte de pessoas no famoso caso de
Pinheirinhos em São José dos Campos e, agora, o caso da família de Marcelo
Eduardo Bovo Pesseghini. O delegado Itagiba Franco tem o desplante de manipular
investigações e mentir descaradamente ao acusar o guri de apenas 13 anos da “genialidade”
de matar a família inteira, com 5 balas, dedicando certeiramente uma para cada
membro abatido, de forma espetacular. Ora, trata-se de uma chacina que
evidentemente envolve subservientes do crime contra o povo.
No Rio de Janeiro, onde age a polícia mais safada e criminosa
de nosso País, a lista de crimes acolhe matança na Candelária, de Juíza que condena
poderosos criminosos, do Amarildo, que outro delegado acaba de culpar por
envolvimento com o tráfico de drogas. Em Goiânia a polícia é acusada de
envolver-se na matança de moradores de rua. Aliás, só nesta cidade o índice de
assassinatos escandaliza os campos de guerra.
A pergunta que não quer calar é sobre a coincidência entre
polícias corruptas e criminosas e governadores suspeitos de corrupção, como o
de São Paulo, de Goiás e do Rio de Janeiro. A hierarquização do crime, marginal
ao Estado e a uma polícia cidadã, a setores políticos comprometidos com a
direita e com o conservadorismo é a explicação para uma polícia mentirosa,
criminosa, violenta e sabotadora da democracia. Tais setores que usam esse
modelo de “segurança” contam com a proteção da (in) justiça, do parlamento, da
mídia suja e colonizada, que o blinda, fazendo julgamentos espúrios e vendidos
à opinião pública, composta dos coxinhas, que logo compram a sujeira e saem às
ruas em manifestações e através das redes sociais.
Um dos ingredientes desse estado de coisas é a “obediência”
dos inconscientes, aproveitadores, alienados e atuantes de esgotos, que agem às
sombras da honestidade e da verdadeira justiça, como puxa sacos e covardes.
Além dos que atuam na polícia, os “obedientes” covardes agem em todos os espaços
e instituições. Suas características são a de puxa saco, de dedurar os outros,
de culpar todo o mundo para desviar a atenção, de fofoqueiros, de tudo fazer
para manter-se em seus postos e de galgar “crescimento” na carreira, de ser
acríticos e aduladores.
Porém, caro comandante Cornélio, nem Roma aguentou e ruiu
graças a pressão da justiça dos povos. Aqui isso cairá, também. No meu artigo anterior a esse mostro três jovens que foram alçados a postos para trair os
povos no esmagamento de suas produções, mas que souberam ser dignos para romper
com o caudal de sujeira. Aqui os sombras covardes cairão e não tardará.
Termino com duas menções. Uma de solidariedade ao grande cartunista
Carlos Latuff, ameaçado de morte pelos canalhas que ocupam a segurança de São
Paulo. Este profeta da paz denunciou os crimes daquela polícia e é ameaçado de
extermínio. A outra a de que ninguém engole as mentiras do delegado Itagiba
Franco com referência ao caso da família do casal de policiais Andreia e Luiz Marcelo
Pesseghini. Nesse sentido colabora o jornal britânico Daily Mail, que mostra as
contradições da farsa montada contra um adolescente, que o cansativo delegado
tenta pintar como monstro assassino e suicida.
A luta continua, meu irmão. Venceremos!
Abraços críticos e fraternos nesta luta pela justiça e pela
paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.
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