Caro Lelê
Ontem me deixaste profundamente triste e magoado com tua
intransigência no apoio ao que há de mais sórdido e injusto em nosso País.
Sinto enorme dor comparada às punhaladas pelas costas quando
vejo trabalhadores arrogantes, burros e cegos na defesa de projetos como o
abraçado pelo PSDB, pelo PPS, pelo DEM e pelos seus satélites representantes em
outros seguimentos sociais e institucionais. Este é o teu caso. Afinal, és
professor. Tua área é uma das mais importantes em nosso País. Como professor de
administração deverias dedicar-te à formação de quadros realmente sérios e
conscientes da cidadania e da importância das empresas na perspectiva do
desenvolvimento nacional e social.
Mas não, ainda defendes esse discursinho bolorento de defesa
do mercado neoliberal, vociferando contra o fortalecimento do Estado investidor
nos projetos sociais de promoção e libertação humana. Ontem eu te disse, desculpa-me
pela ênfase ao te falar na defesa do povo e dos trabalhadores sob a visão da
justiça social, mas me indigno com posturas com as esposadas por ti, que trais
o Brasil e te tornas carente de reeducação. Tua voz macia e melosa não esconde
tuas fraquezas e desonestidade política. Pior, como pessoas como tu são
arrogantes e sentadas sobre o falso trono do “donismo” da verdade! É lamentável
que um professor exerça o papel de deformação da opinião e da consciência e
deponha contra uma categoria trabalhadora das mais sofridas em nosso País, como
a dos professores. Gente que abre a boca para falar com essa falsa voz mansa na
defesa do neoliberalismo deveria passar por reprogramação mental e ideológica
e, se não se construir decentemente, deveria ser expulsa do meio acadêmico.
Pior ainda Lelê, mais doido foi te ouvir na homenagem a excrescências
como Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes, homens que envergonham o judiciário
brasileiro. Segues a cartilha da Globo, que mantém o senso comum prisioneiro
das trevas e do escurecimento das consciências de muita gente no Brasil. Deixas-te
arrastar pela opinião publicada que envolucra o direito de uma opinião pública
real e objetivamente consciente da realidade e não de sua deformação feita pela
mídia da classe atrasadamente dominante. Tuas considerações sobre as
condenações de José Dirceu, sobretudo de José Genuíno, impetradas por esse
Supremo Tribunal Federal, imensamente sujo porque cabestreado pela mídia
comandada pelo PSDB, é lamentável. Teu discurso, além de podre pelo se caráter
pestilento, revela, no mínimo, alto índice de contaminação pelos fungos e
vermes que nascem e se criam nas trevas. Tua postura desonra nossa categoria
docente. Tua opinião caolha rebaixa-se ao nível que marginaliza teu direito de
pensar e falar para deteriorar-se ao ponto
de te constituíres em um dos muitos traidores dos trabalhadores e do Brasil.
Colei abaixo informações que deveriam minimante questionar
tua posição infra-inteligente na defesa do neoliberalismo e do julgamento de exceção
política praticado pelo STF em relação a malcheirosa “Ação Penal 470”, aquela
chamada “mensalão do PT”. Lê aí e sê humilde na revisão de tua posição. Ainda
dá tempo de ocupares lugar digno entre nós, que não seja o de trair nossa
Pátria e nosso povo ao defenderes produtos fabricados pelo STF, no caso
específico do tal mensalão. Somente na autocrítica será possível perceber que
tua massa encefálica funciona.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.
Abraços críticos e fraternos, sem jamais negar a luta pela
justiça social.
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Como e porque Gilmar Mendes e o PSDB mantêm Marcos Valério refém
Movimentação de habeas corpus no STF comprova que Gilmar Mendes,
independente da condenação no “mensalão”, mantém Marcos Valério refém do
PSDB.
“Relatório Reservado” entregue aos ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF) em final de julho de 2012 informa que chegara às mãos do senador
Aécio Neves, por meio de Álvaro Rezende, cópia do depoimento que Marcos
Valério pretendia fazer perante a Procuradoria Geral da República (PGR).
Na mesma oportunidade, Valério entregaria documentos que comprovavam
como funcionou o esquema de arrecadação ilícita no governo de Minas
Gerais após 2002, por intermédio da gestora das verbas de publicidade,
sua irmã, Andréa Neves.
Interlocutor de Marcos Valério, Álvaro Rezende, dono da R&C
Propaganda, agência que acompanha Aécio Neves desde quando, na década de
1980, após a morte de seu avô, ocupou o cargo de diretor de Loterias da
Caixa Econômica Federal, sob a presidência de Danilo de Castro. Mesma
época do escândalo da Ghetec e da abafada morte da filha de um diretor
da Caixa, afogada em uma piscina em função de uso excessivo de droga.
Rezende informara ainda à Aécio que Valério estaria desesperado e
revoltado, pois tinha certeza que seria condenado pelo STF por pressão
da mídia aliada do PSDB e que teria sido abandonado, estando passando
dificuldades financeiras. Logo depois deste encontro, CartaCapital
publicaria a “Lista do Mourão”. Investigações anteriores da Polícia
Federal concluíram que o documento teria sido entregue por Mourão a
Nilton Monteiro.
A repercussão da publicação de CartaCapital da “Lista do Mourão” e
outros documentos mostrando como operou o esquema criminoso em Minas
Gerais assustaram Aécio, que teria decidido agir para evitar que Valério
cumprisse o prometido, determinando que fosse feito acordo. Na condução
deste acordo, segundo o “Relatório Reservado”, estariam Danilo de
Castro e o advogado de Marcos Valério.
Contratos do governo de Minas Gerais celebrados com as empresas de
Marcos Valério, além do aval de Danilo de Castro em empréstimos
considerados simulados pelo STF, foram investigados pela PF. Castro
confessou que realmente havia avalizado o empréstimo, porém as
justificativas não convenceram os investigadores.
Por meio de parecer do então procurador-geral Antônio Fernando e decisão
do Ministro Joaquim Barbosa determinaram-se maior aprofundamento nas
investigações pelo Ministério Público de Minas Gerais (MP/MG). Os
resultados destas investigações, se ocorreram, jamais vieram a público.
Segundo um ex-ministro do STF, pouco depois de CartaCapitaldivulgar
[27/7/2012] a lista contendo o nome de Gilmar Mendes como um os
beneficiados pelo esquema do “mensalão”, circulou entre os ministros do
STF o “Relatório Reservado”.
Teria sido combinado que Valério não narraria fatos envolvendo o PSDB e
se condenado ele cumpriria sua condenação em Minas Gerais, recebendo em
troca de declarações contra Lula perante a PGR regalias no cumprimento
da pena de prisão, além da retirada de mesa, para julgamento perante a
1ª Turma do STF, o habeas corpus nº 97.416 concedido liminarmente por
Gilmar Mendes que possibilitou sua liberdade após prisão na “Operação
Avalanche”, da Polícia Federal.
Trata-se de uma decisão monocrática quando Mendes exercia a presidência
do STF e, seguindo parecer da PGR e da relatora ministra Carmem Lúcia, a
mesma deveria ser revogada, restabelecendo a prisão. Em sua decisão,
Gilmar Mendes afirmou que o juiz que determinou a prisão de Valério
utilizou argumentos “fortemente especulativos”.
Para ele, o juiz que decretou a prisão preventiva expôs “simples
convicção íntima, supondo que Rogério e Marcos poderão tumultuar as
investigações com base em suspeitas sobre fatos passados, sem necessária
indicação de ato concreto, atual, que indique a necessidade de
encarceramento ou manutenção no cárcere em caráter provisório”. Os
“fatos passados” a que Gilmar Mendes fundamentou sua decisão é a
participação de Valério e Tolentino no esquema do “mensalão”.
Consta do relatório cópia da movimentação processual comprovando a
retirada do HC da mesa da 1ª Turma do STF em 6 de setembro de 2012, em
pleno julgamento do “mensalão” e cinco dias antes de proferida a
primeira condenação contra Marcos Valério. O HC estava em mesa pronto
para julgamento há dois anos, desde 08 de Junho de 2010.
A data da retirada do HC 97.416 da mesa da 1ª Turma coincide com a data
do novo depoimento prestado por Marcos Valério perante a PGR acusando
Lula.
Também acompanha o relatório cópia da ata de reunião do conselho de
administração da Copasa, mostrando a aprovação de um termo aditivo em
contrato de publicidade com a R&C Propaganda, origem dos recursos
que teriam sido repassados a Marcos Valério. A Copasa foi uma das fontes
de recurso público que abasteceu, em 1998, o esquema montado por
Eduardo Azeredo, denominado “Mensalão do PSDB”.
Minas Gerais, estado governado pelo PSDB desde 2002, mantém controle
absoluto sobre o Poder Judiciário e Ministério Público, onde às
execuções das penas privativas de liberdade só ocorrem de acordo com sua
vontade. Exemplo disto é a permanência em liberdade do ex-detetive
Reinaldo Pacífico de Oliveira Filho, condenado em janeiro de 2009 a 14
anos de prisão, pelo assassinato da modelo Cristiana Aparecida Ferreira,
na época com 24 anos.
O corpo da modelo foi encontrado num flat no Bairro de Lourdes,
Centro-Sul de Belo Horizonte, em agosto de 2000 e ainda encontra-se
pendente de investigação a acusação de crime de mando, contra o
ex-ministro Walfrido dos Mares Guia e de diversas autoridades do governo
mineiro.
Segundo o “Relatório Reservado”, fora em função e após o acordo que,
através de um advogado de FHC, Gilmar Mendes teria recebido cópia das
hoje comprovadas perícias fraudadas realizadas pela Polícia Civil de
Minas Gerais, conduzidas pelo delegado Nabak a mando de Danilo de
Castro, juntada na denúncia contra Carta Capital.
O único resultado prático do “Relatório Reservado” teria sido o de
abortar o esquema montado, obrigando que Gilmar Mendes e o
procurador-geral, Roberto Gurgel, afirmassem à imprensa que tinha pouca
importância às declarações prestadas por Marcos Valério contra Lula.
Segundo o ex-ministro do STF, embora sem identificação de autoria e
timbre, saiba-se que o constante no “Relatório Reservado” seria fruto de
investigações da ABIN, que vem acompanhando de perto toda movimentação
em torno do processo do “mensalão”, principalmente na defesa da
integridade física do ministro Joaquim Barbosa.
Conforme noticiado por Novojornal, o Relatório da Polícia Federal
relativo às investigações do “mensalão” encaminhado ao STF, cita que as
investigações se basearam em uma lista aprendida, também conhecida como
“Lista do Mourão”.
Encontra-se com o ministro Joaquim Barbosa o inquérito nº 3530 e no
mesmo foi juntado denúncia sobre o esquema montado para forjar a perícia
apresentada na acusação de Gilmar Mendes contraCartaCapital, atestando
ser falsa a “Lista do Mourão”.
Como dito anteriormente, a “Lista do Mourão” foi apreendida anos antes e considerada autêntica no Relatório da Polícia Federal.
Acompanhando a denúncia estão documentos que comprovam como operou a
organização criminosa junto ao Poder Judiciário, Ministério Público e
Polícia Civil de Minas Gerais, além das transcrições de gravações de
reuniões da organização criminosa feitas pelo advogado Joaquim Engler,
narrando assassinatos, fraude processual, falsificação de documentos,
suborno de promotores, juízes, desembargadores, peritos e delegados da
Polícia Civil mineira.
Segundo o ex-ministro do STF, “este é o resultado de uma década de
governo alienígena, descomprometido com a ética, moral e tradições
mineiras, onde as instituições e a sociedade foram levadas a mais baixa
degradação”.
Fatos e documentos comprovam o narrado no “Relatório Reservado”, cabendo
agora ao ministro Gilmar Mendes e a seus colegas do STF explicar a
sociedade, que assistiu e acompanhou o julgamento do “mensalão”, os
motivos que os levaram a permitir que Marcos Valério permanecesse solto,
através de uma liminar concedida e mantida pela manobra regimental de
retirada do HC de mesa perante a 1ª Turma.
Para a opinião pública, através da imprensa, ao contrário do ocorrido,
Gilmar Mendes e os demais ministros reclamam que a prisão de Marcos
Valério demorará, tendo em vista diversos recursos que estão sendo e
serão utilizados por sua defesa.
Caso Gilmar Mendes não apresente uma justificativa plausível, estará
comprovada a tese de que Marcos Valério agiu a serviço do PSDB ao
denunciar Lula e por trás estava não o ministro do STF e sim o homem de
confiança do PSDB, que antes de ser ministro foi Advogado Geral da União
do governo tucano de FHC, que o indicou para o STF.
Consultados por intermédio de suas assessorias, o governo de Minas
Gerais, o senador Aécio Neves e o Ministro Gilmar Mendes optaram por
nada comentar. A Copasa, consultada, informou ser normal a celebração de
aditivos ao contrato de publicidade.
Documentos que fundamentaram a matéria:
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