Oscar Niemeyer e os "condenados da terra"
Por Salim Lamrani
Se só se tivesse que lembrar uma coisa do genial arquiteto brasileiro, seria a lealdade a seus princípios.
O que se pode lembrar de Oscar Niemeyer, o mais famoso arquiteto
brasileiro, cuja obra artística já faz parte do patrimônio da
humanidade? A esplêndida e extraordinária catedral de Brasília? O
fabuloso Palácio da Alvorada? A imponente e magistral sede das Nações
Unidas em Nova York? A majestosa Universidade Houari Boumediene de
Argel? A surpreendente Casa da Cultura de Le Havre? Niemeyer é um
revolucionário do espaço, um subversivo da harmonia, um eterno amante do
insólito cujas realizações suscitam paixão e admiração por todo o
mundo.
Efe (14/12/2007)
Para Niemeyer, "a esperança se encontra na América Latina, que deve se converter em 'um pólo de combate'"
Mas o essencial está em outra parte. Se só se tivesse que lembrar uma
coisa do genial arquiteto, seria a lealdade a seus princípios, a
fidelidade de seu compromisso comunista e seu amor pelos pobres da
terra. “É necessário, antes de tudo, conhecer a vida dos homens, sua
miséria, seu sofrimento para fazer arquitetura, para criar”, dizia.
Niemeyer jamais ocultou sua aversão pelas injustiças de nossa época e não deixou de repetir que era importante empreender um “combate comum por um mundo melhor”. E a esperança se encontra na América Latina que deve se converter em “um pólo de combate, um pólo de resistência contra o imperialismo norte-americano”. As fontes de inspiração são numerosas: a resistência e a dignidade do povo cubano frente à desapiedada agressão dos Estados Unidos, o fervor e o entusiasmo revolucionários dos filhos de Simón Bolívar na Venezuela e do regresso de Túpac Amaru à Bolívia, assim como no resto do continente.
As novas gerações de artistas devem seguir o exemplo de Niemeyer, que tomou para si a máxima: “Não há arte sem ética”, com essa permanente preocupação com o futuro dos “condenados da terra”. Obrigado, Oscar.
*Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor titular da Universidad de la Reunión e jornalista, especialista em relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último libro se intitula Etat de siège. Les sanctions économiques des Etats-Unis contre Cuba, Paris, Ediciones Estrella, 2011, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio de Paul Estrade.
Niemeyer jamais ocultou sua aversão pelas injustiças de nossa época e não deixou de repetir que era importante empreender um “combate comum por um mundo melhor”. E a esperança se encontra na América Latina que deve se converter em “um pólo de combate, um pólo de resistência contra o imperialismo norte-americano”. As fontes de inspiração são numerosas: a resistência e a dignidade do povo cubano frente à desapiedada agressão dos Estados Unidos, o fervor e o entusiasmo revolucionários dos filhos de Simón Bolívar na Venezuela e do regresso de Túpac Amaru à Bolívia, assim como no resto do continente.
As novas gerações de artistas devem seguir o exemplo de Niemeyer, que tomou para si a máxima: “Não há arte sem ética”, com essa permanente preocupação com o futuro dos “condenados da terra”. Obrigado, Oscar.
*Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor titular da Universidad de la Reunión e jornalista, especialista em relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último libro se intitula Etat de siège. Les sanctions économiques des Etats-Unis contre Cuba, Paris, Ediciones Estrella, 2011, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio de Paul Estrade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seus comentários serão publicados. Eles contribuem com o debate e ajudam a crescer. Evitaremos apenas ofensas à honra e o desrespeito.