Dom Orvandil: Bispo cabano, farrapo e republicano.
Regina Schmitz
Agradeço-te,
querida amiga, por tua amizade e por integrares minha lista de amizade no Facebook
e por “curtires” meu blog. Estas tuas atitudes me honram. Gosto muito de tua
cidade de Novo Hamburgo, aí no nosso Rio Grande do Sul.
Percebi
no teu álbum a enorme simbologia da consciência política desenvolvida e
progressista que te motiva. É esperançoso sabermos de mulheres jovens
mobilizadas por tão primorosa consciência da realidade, bem ao estilo do
filósofo que arrebentou as correntes que aprisionam os inconscientes que só
sabem olhar e se contentar com as sombras e siluetas míopes da verdade
refletida ao fundo da caverna, conforme o conto chamado “Mito da Caverna” de
Platão.
Pois
bem, Regina, aqui contigo trato do enorme problema da fofoca, também chamado de
boatos, que geralmente atinge a honra e felicidade das pessoas. Embora eu já
tratasse dessa questão aqui no blog sempre é necessário que a esse tema se retorne.
Começo
por exemplificar com o que ocorreu na cidade de Alfredo Chaves, no Espírito
Santo, nessa semana. Um boato criado, não se sabe por quem, gerou pânico na
população ao ponto de as pessoas largarem tudo o que faziam para correr em
direção aos pontos mais altos da cidade. Alguém, não se sabe ainda com que
objetivo, divulgou que a barragem que abastece a cidade de água estourara e que
inundaria todos os espaços, pondo em risco a população. Mais de três mil
pessoas enlouquecidas e em pânico correram em direção a automóveis, outras
foram atropeladas nas ruas ao atravessá-las desesperadamente, médicos abandonaram
consultórios e postos de saúde em busca de refúgio, assim como aconteceu com trabalhadores
do comércio etc. As pessoas correram sem explicação em busca de salvação. Muitas
desmaiaram e tiveram sérios problemas cardíacos. Consigo até imaginar que
apocalípticos pregavam que o mundo acabava naquele momento e que Jesus voltava
para buscar os salvos. Tudo por causa de uma fofoca que plantou a ideia da
inundação e do perigo de afogamento da cidade e do povo.
O que
aconteceu em Alfredo Chaves exemplifica bem os malefícios e poderes destrutivos
da fofoca. Sei bem o que é isso. É apavorante. Numa das vezes em que fui preso
pela ditadura em Santa Maria-RS, após liberado depois de constrangedores
interrogatórios, com perguntas que não se relacionavam com nada, apenas motivadas
por dedos duros e por boatarias sem sentido, com minha imagem abalada por
noticiário pesado contra mim, dizendo que eu era terrorista, subversivo
perigoso, comunista que queria derrubar o governo, ao visitar as pessoas da
comunidade que eu atendia muitas fecharam portas e janelas de suas casas, com
medo de mim. Outras escondiam as crianças, certamente com medo da história de
que comunista come criancinhas, como se dizia sobre mim nas rádios. Depois, bem
mais tarde, morando e trabalhando em outra cidade gaúcha, alguns paroquianos de
direita e reacionários, em concluiu com setores de direita na cidade, montaram
verdadeira parafernália boateira sobre mim, dizendo as maiores barbaridades,
prejudicando inclusive minha família. Até mesmo “autoridades” de igrejas se
deixaram afetar pelas maldades.
Posso
te dizer, Regina, que a dor e a tendência a autodestrutividade que invadem as
vítimas da fofoca são indescritíveis. Os fofoqueiros têm o poder de instalar em
suas vítimas uma espécie de chips carregado de horror, autoligável no cerne das emoções. As consequências são de
rompimento de relações, de perda de confiança por parte de muita gente, de
insegurança e pânico. Por isso entendo o que aconteceu em Alfredo Chaves.
Nas esferas
do poder da República a fofoca tem história e os fofoqueiros tem consagrado registro.
Uma de suas maiores vítimas foi o grande Presidente Getúlio Vargas. Sob o
pretexto de que ele se cercava de um mar de lamas a direita udenista, comandada
pelo maior fofoqueiro da época, Carlos Lacerda, infernizou de tal modo o Brasil
inteiro, que instabilizou o governo e levou o Presidente ao suicídio, para
evitar o golpe militar adiado para 1964, tal o grau infernal ao qual foi
empurrado. Sempre digo aos meus alunos que quem matou Getúlio Vargas foi Carlos
Lacerda e a direita de seu tempo. Vargas apenas apertou desesperado o gatilho do
revólver que lhe tirou a vida no Palácio do Catete.
Aqui,
Regina amiga, é possível outra conclusão: quem engendra, arquiteta, divulga e
aterroriza com fofocas são sempre pessoas de direita e de má índole. São
pessoas que sofrem do mal estúpido do egoísmo e da inveja do bem. No campo
político elas querem o poder apenas para uma minoria medíocre e privilegiada.
Têm ciúme desvairado da maioria, do povo, das questões sociais. Nunca vi alguém
de esquerda, que seja sério, fazer fofocas para destruir as pessoas. Nunca vi
gente de esquerda espalhar mentiras com a intenção de destruir as pessoas, até
mesmo seus adversários e inimigos.
Nesse
momento assiste-se a novas investidas da direita brasileira, protagonizadas
pelas piores pessoas. Seus alvos são Lula e Dilma. Quando o ex-Presidente do
povo esteve com câncer a mídia, comandada por seus grosseiros lacaios, torceu clara
e indisfarçadamente pela morte dele. Frustrou-se com sua cura. Antes quando sua
candidata a Presidenta noticiou que estava com câncer os abutres bateram palmas
em favor do desqualificado José Serra. Quando Lula candidatou Fernando Haddad
prefeito de São Paulo, os corvos novamente diziam que agora sim seria o fim do
ex-Presidente, pois escolhera em poste para disputar as eleições. Afirmavam que
seria sua morte política. Quebraram a
cara. Através do STF, num julgamento dos mais emporcalhados da história do
Brasil, tentaram atingir a honra de Lula e de Dilma, condenando sem provas
alguns de seus ex-auxiliares no governo. Agora, já que o câncer não matou, a
derrota eleitoral e morte política não aconteceram inventaram uma amante para
Luiz Inácio Lula da Silva. Como escrevi
acima, o objetivo agora é o de matar Lula na sua intimidade e de jogar a
população contra ele, levantando uma questão moral artificial e mentirosa. As
mulheres se jogariam contra Lula em solidariedade à Marisa e o povo, segundo
seus cálculos perversos, abandonaria o
seu líder por não aceitar a figura da traição conjugal. O casal entraria em
crise e a separação jogaria na sociedade as feridas de um e de outro, solapando
a autoridade moral e política do ex Presidente. Fazem isso com Lula, mas nunca
mencionaram Fernando Henrique Cardoso, que efetivamente teve um filho fora do
casamento e aparece em muitas fotos de mãos dadas com a amante, passeando pela
Europa, causando enorme dor na sua esposa, Dra. Ruth Cardoso. Isso a mídia
apodrecida escondeu durante 8 anos e não menciona até agora, pois para ela FHC
é seu farol e seu ídolo, por ser de direita e neoliberal. Como sempre: dois
pesos e duas medidas.
Outra
conclusão sobre as fofocas: sempre que falam mal de alguém, principalmente
alguém do povo, de algum líder que lute com ele por libertação da miséria, do
desemprego, do subdesenvolvimento, contra a escravatura na senzala, os
fofoqueiros atingem a moral e buscam os chamados pecados morais. Como disse um combatente: procuram atingir no
fígado, sem dó nem piedade. Meu Deus, Regina, o que fazem com Lula ao acusá-lo
de ter um caso com Rose! Chegam a publicar fotos com Lula de braços com Rose,
todas falsificadas, evidentemente, como essa abaixo, que copiei do blog de
minha amiga Lili, que originalmente foi tirada ao lado da Presidenta Dilma e da
esposa Marisa. Pois os cabeças de bagres cortaram a cabeça da Presidenta e em
seu lugar colocaram a de Rose.
Então,
Regina, enquanto tivermos essa direita no Brasil, composta dos Aécio, FHC, José
Serra, Roberto Freire e outros, amasiados com essa mídia, que Lula não enfrentou
e que Dilma diante dela titubeia, dando-lhe muito dinheiro, inclusive, corremos
o risco de instabilidades políticas.
Aliás,
creio numa solução apenas: é o povo na rua, mobilizado, organizado no
enfretamento da direita fofoqueira e na busca de reformas políticas, na
regulação da mídia, no fortalecimento do Estado e das políticas púbicas a favor
dos investimentos sociais e da maioria do nosso povo.
O povo
precisa libertar-se da mídia e educar-se politicamente. Para isso os partidos
de esquerda têm que sair do marasmo em que estão, de seus limites eleitorais e
buscar mais o povo com mais tempo e em todo o tempo, não somente em épocas de
campanhas eleitorais.
Abaixo
os fofoqueiros de plantão. Abaixo a fofoca e seus estragos!
Abraços
críticos e fraternos.
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