Amiga Neyde
Ainda ontem conversávamos sobre os fatos inesgotáveis que giram em torno desse evento macabro que se chama Carlos Cachoeira. A pergunta que nos ocupava e que me impele é referente ao que está por trás do projeto de Carlos Cachoeira.
Ora, sabe-se que este personagem não é apenas um “empresário” do jogo caça níqueis. Ele é muito mais. Outra pergunta, com base no espectro político brasileiro, é para que lado ele mais se dirige, noutras palavras: Carlos Cachoeira alimenta-se muito mais pela direita ou pela esquerda brasileira, principalmente a comprometida com a soberania nacional e com o desenvolvimento independente?
Já é perceptível que Cachoeira é um fenômeno da direita mais abjeta e impatriótica possível. Pode ser que algum militante de esquerda caia no esquema a ser revelado pela CPMI do Congresso Nacional, mas agora o que se percebe é que tudo isso é esquema podre e feio da direita bandida, entreguista, impatriótica e criminosa que sempre marcou presença nos mais significativos golpes contra o Brasil e o povo brasileiro, notadamente os trabalhadores e os bons empresários da área produtiva.
Essa direita, muito presente no Estado de Goiás e reconhecida no PSDB, no DEMOCRATAS e nos seus coadjuvantes como PPS e outros, foi atora forte na ditadura, inclusive colaborando com a “deduragem”, com as prisões e torturas de pessoas dignas, que lutaram contra a opressão. Colaboraram com o nefasto e pró-imperialista neoliberalismo. Com relação a essa praga, o neoliberalismo, que desgraçou o Brasil, colaboraram desde a primeira hora os malfadados PSDB e DEMOCRATAS, onde militam dedicadamente Marconi Perillo e Demóstenes Torres, até há poucos dias integrante do “Demos” e seu pré-candidato a Presidente da República.
Era pretensão desses neoliberais, direitistas e golpistas dos sonhos de desenvolvimento de nosso povo, galgar mais posições no cenário político nacional para saciar seus apetites perversos de concentração de riquezas, de renda e de retorno ao atraso dos tempos da ditadura e do neoliberalismo de FHC.
Portanto, amiga Neyde, pensar nos compromissos promíscuos de Marconi Perillo, ainda ocupante do cargo de Governador do Estado de Goiás, é pensar no que de pior esse grupo arquitetava para Goiás e para o Brasil. Isso se pensarmos estaticamente. Porém, como nossas convicções fundam-se na percepção de que nada é estático, mas tudo se movimenta em acúmulo de forças, para um lado ou para outro, nesse momento tudo indica que o porão representado por toda essa turma se esvaziará. Pensando de outra maneira digo que o impichman de Marconi Perillo torna-se logicamente inevitável, como os fatos dinamicamente apontam e demonstrarão nos próximos dias.
Como assim? Assim me perguntaste ontem. Ora, se Marconi faz parte dessa direita anacrônica e malcheirosa, que a realidade coloca em cheque e desconstrói com luta, com o povo nas ruas, com CPIs, com rachas na direita, com mentiras, com notas oficiais de negações de fatos que rapidamente se confirmam pelas gravações da operação Monte Castelo e outras fontes, é evidente que se aproxima a hora da verdade cristalina e sem surpresas: Marconi Perillo, seus partidários e todos os envolvidos, e muita gente está, serão revelados e, sem outra saída, sobrará o impichman.
O que me preocupa é que se façam as coisas bem feitas, Neyde. Que se faça uma limpa. A pergunta por quem governará o Estado e boa parte dos municípios, câmaras de vereadores, Assembleia Legislativa, que serão varridas nessa limpeza, não faz sentido nem devem servir de pretexto para desmobilizar nossa luta. O movimento da realidade levantará as pessoas adequadas e mais comprometidas com o povo e com o país do que esses “acachoeirados” com crime que estão aí.
Nesse sentido a matéria de Tales Faria e Adriano Ceolin, abaixo, é boa indicadora desse raciocínio. Guarda bem isso: muita gente e instituições amarradas em Marconi não passarão pela peneira da justiça e da verdade. Uma delas, que aparecerá, é a TV Fonte da Vida, de uma igreja aqui de Goiás. Com que dinheiro os proprietários da igreja e da TV a compraram? Trata-se de uma TV, de rádio e outros meios que colaboram com Marconi Perillo, portanto agem em favor da direita e do impatriotismo. Esses meios e essa igreja elegem deputados, vereadores, prefeitos e aspirava eleger prefeito desta capital. Por tratar-se de igreja, de fé, de religiosidade, qual é sua consciência ao colaborar com a direita, com Carlos Cachoeira e que tais?
A matéria está nessa página, abaixo, amiga Neyde.
Abraços críticos e fraternos.
Jogo do bicho absorveu agentes da ditadura militar
Prática revelada no esquema de Carlinhos Cachoeira, uso de arapongas por esquema de contravenção nasceu com decadência do SNI
Tales Faria e Adriano Ceolin, iG Brasília
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Foto: AE Militares bancaram ingresso de agentes da ditadura no jogo do bicho, prática adotada por
Cachoeira (foto)
A Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, mostrou neste ano que o bicheiro Carlinhos Cachoeira contratou ex-agentes da ditadura militar. Segundo o livro “Memórias de uma Guerra Suja”, o uso de policiais em esquema de contravenção teve início no processo de abertura política do País entre o fim dos anos 70 e começo dos 80. Uma cópia da publicação foi obtida com exclusividade pelo iG.
Em depoimento aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, o delegado de polícia Cláudio Guerra afirma que, com o encerramento das atividades dos grupos de combate à esquerda, muitos agentes ficaram sem função no Estado.
“Quando o SNI já estava na decadência, me arrumaram suporte financeiro, passei a ser ajudado pelo jogo do bicho”, diz Guerra. “(...) não me deixaram na mão, e a maneira encontrada para me bancar foi viabilizar a minha entrada no jogo”.
De acordo com Guerra, foi o coronel Freddie Perdigão que “o levou para o esquema”. Ainda segundo o livro, o delegado havia sido levado a agir em nome da ditadura pelas mãos de Perdigão. “Me recrutou, cooptou, comentou e treinou”, diz Guerra.
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O ex-delegado dá os nomes dos comandantes da operação, “os mesmos de sempre”:
Ainda na publicação, o delegado que foi apresentado ao bicheiro carioca Castor de Andrade (1926-1997). Ele é reconhecido como um dos maiores e mais poderosos empresários do jogo do bicho de todos os tempos.
“A relação entre Castor e as Forças Armadas era tão próxima que ele tinha até uma credencial do Cenimar (Centro de Informações da Marinha)”, afirma. “Ele gostava de usá-la para dizer que era agente oficial da reserva”, completa.
‘Irmandade ainda existe’
Guerra relata que atuou com o chefe de segurança de todos os bicheiros do Rio de Janeiro e que, com a experiência adquirida, ele próprio tornou-se empresário. “Comprei uma parte das bancas do Zé Carlos Gratz (ex-bicheiro e ex-deputado estadual)”, diz.
O delegado afirma que, apesar da abertura política, ele continuou ajudando clandestinamente as polícias de São Paulo e do Rio de Janeiro. “Acabou a revolução, mas a irmandade continuou. A irmandade ainda existe, não morreu, os caras ainda servem uns aos outros”, finaliza.
A mais recente prova disso é a revelação da Polícia Militar de que o sargento aposentado da Aeronáutica, Idalberto Araújo, o Dadá, e o sargento da Polícia Militar do Distrito Federal, Jairo Martins, atuaram como arapongas no esquema de Cachoeira.
Fonte: Último Segundo
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