Querido Padre Roberto
Digo repetidas vezes que ninguém tem nada a ver com que os
líderes religiosos fazem nos intramuros de suas confissões e em suas igrejas.
Quem decide lá são eles e seus fiéis. Se quiserem acreditar que a lendária
serpente do jardim do Éden conversou com
Deus depois de enrolar a Eva e o Adão realmente existiu, tudo bem, sem
problemas. Ninguém tem nada a ver com isso. Se quiserem assaltar seus fiéis no
que chamam de “dízimos” ou em 30% do que ganharão em 2013, como o quer o lobo
Silas Malafaia e seus membros caírem nessa, ninguém tem nada ver com isso. Se
alguém acreditar nas superstições que orientam que quem comprar toalhas
molhadas do soar do Valdomiro Santiago, dono
da igreja mundial, porque têm poderes mágicos de cura (eka), que use. Se alguém achar que o Papa conservador Bento
XVI é dono da verdade no seu mascarado anti socialismo, que ache e reze por
ele, não há problemas.
Porém, quando autoridades ultrapassam os murais de seus
arraiais eclesiásticos para opinar sobre política, políticos, economias e
outros temas de domínio social, nacional e internacional, ao que têm todo o
direito como cidadãos, bem aí o debate é para todos e eles devem curvar-se ao
direito à discordância e à contradição.
Portanto, ao debater com os bispos e com a conferência episcopal
venezuelana não contradirei nada com referência à sua igreja. Mas enfrentarei
aqui o ranço triste do conservadorismo e direitismo que adotam em relação ao
Presidente Hugo Chávez e ao povo venezuelano.
Há poucos dias o padre venezuelano José Palmar mentiu ao
desejar a morte do Presidente Hugo Chávez. O rancoroso sacerdote chegou a escrever
em sua página no Twitter que o Presidente já morrera e que o governo esperava
chegar o dia 17 de dezembro, dia da morte de Simon Bolívar, para oficialmente
anunciar o óbito do chefe daquela Nação. Escrevi sobre essa fofoca escandalosa. O triste é que a mentira daquele padre
revelava o ódio dos inimigos da Revolução Bolivariana e da classe dominante e
pró imperialista venezuelana e também a posição dos bispos venezuelanos,
posicionados de lado errado, contra a maioria do povo beneficiado pelo
chavismo.
Para completar o rastro de más companhias dos bispos, nesta
semana, por ocasião da conferência episcopal venezuelana, seu presidente, Dom Diego
Padrón, conclamou o governo a cumprir a Constituição e convoque novas eleições.
Ocorre que há duas interpretações de artigos da Constituição Venezuelana
referentes à data da posse do Presidente no dia 10 de janeiro. Uma, como
sempre, é a leitura dos golpistas, da classe dominante composta dos
interessados em doar o petróleo aos Estados Unidos, que se sentem incomodados
com os resultados sociais de distribuição de riquezas e de renda promovidas
pela Revolução Bolivariana comandada por Chávez. Outra leitura é a da maioria
do povo venezuelano, que Hugo Chávez elevou da miséria e o promoveu à condição
justa de cidadãos no seu direito de se alimentar, de se educar, a morar e a
trabalhar. Nesta leitura percebe-se claramente que a Constituição respeita a
condição de doença grave e de cirurgia séria a que se submete o Presidente. A partir
dessa interpretação constitucional, que lê o texto claro que permite que o
Presidente preste juramento à Nação posteriormente, há compaixão e
solidariedade agradecidas pela luta e pela história de um apaixonado combatente
do povo. Na interpretação defendida por Dom Digo Padrón a essência perceptiva é
a do ódio ao povo, aos pobres, à distribuição de renda, ao socialismo. Tal
posição abriga os donos da mídia que Chávez submeteu aos interesses do País,
diferente do que Dilma faz aqui com a mídia golpista; abriga os proprietários
dos bancos, do comércio poderoso e das terras, todos vivendo do sangue dos
explorados. É desse lado que se coloca a obtusa conferência episcopal
venezuelana.
No domingo de reis, dia 06 de janeiro, o Evangelho de São
Mateus alertava que por ocasião dos boatos sobre o nascimento de Jesus, o libertador
principalmente dos pobres, Herodes, o governador romano mais sanguinário
responsável pela Judéia, alarmado com o nascimento do guri salvador, “reuniu-se
com todos os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei, e lhes perguntou onde
o Messias deveria nascer” (2, 4). Noutras palavras, o responsável pelos
negócios do império romano na Palestina não titubeou em contar com o respaldo
dos religiosos e chefes da religião mais tradicional da região, que colaram-se
no poder mais forte, mais explorador, mais rapinoso contra o povo humilde e
pobre, mesmo que isso significasse a morte do piá Messias.
Pois bem, meu querido Pe. Roberto, salvaguardadas as
proporções, é o que faz Dom Diego: coloca-se ao lado dos interesses da nova
Roma, dos imperialistas e dos poderosos, evidentemente contra o povo. Não há como postar-se ao lado de um sem
opor-se violentamente ao outro. Dom Padrón trai Jesus ao defender o golpe
constitucional e a impiedade dos que não se comovem com o sofrimento do
patriota mor da Venezuela. O presidente da conferência episcopal nega
essencialmente a natureza da fé e da igreja, pois alia-se ao demônio e à morte.
Há forte movimento na Venezuela em torno da moda: a de usar as instâncias mais
altas da justiça para golpear a democracia e a socialização das riquezas do
País, como aconteceu aqui no Paraguai e como a mídia e os habitantes da toca
Millenium querem que aconteça aqui no Brasil também ao usar o STF como aparelho
judiciário de golpes.
Felizmente as notícias que a mídia sem vergonha e golpista
daqui não veicula dão conta de que o povo venezuelano está nas ruas na defesa
de sua revolução. O povo ocupa as ruas e templos para orar por seu líder Hugo Chávez ao mesmo tempo que seus pastores dão as mãos ao demônio e à oposição inimiga do povo. Isto é, enquanto os bispos colocam-se do lado da injustiça e
de Herodes o povo palmilha o caminho da compaixão e da solidariedade.
Viva o povo venezuelano. Viva a Revolução Bolivariana. Viva
Hugo Chávez. Venceremos!
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.
Abraços críticos e fraternos.
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