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Abgail Pereira: como a crise atinge a mulher trabalhadora

23 DE JANEIRO DE 2009 - 12h23
A crise econômica que no final de 2008 irrompeu no principal país imperialista, os Estados Unidos, impôs abalos no cenário mundial. A superprodução de crédito, de mercadorias e de capital especulativo tem provocado fortes baixas nos índices das bolsas de valores em todo mundo e a crise já começa a ter conseqüências em diversos países.

Por Abgail Pereira*, no Portal CTB
Os efeitos da crise econômica, com certeza, atingirão duramente as mulheres trabalhadoras, podendo significar um retrocesso nas conquistas da última década, quando houve um importante crescimento da inserção das mulheres no mundo do trabalho, ainda que esse crescimento não impusesse significativa redução da desigualdade de gênero: as trabalhadoras ainda são mais impactadas com as transformações produtivas, pela flexibilização das relações de trabalho e pela alta rotatividade, o que contribui para ampliar sua presença no mercado de trabalho informal, a domicílio e em tempo parcial.

Da mesma forma, a diferença salarial entre homens e mulheres vem sendo reduzida, mas ainda evidencia uma discriminação concreta contra as trabalhadoras, atingindo em maior grau a mulher negra. De acordo com dados da OIT, a situação das mulheres em quase todos os países é semelhante: do total da população que está trabalhando, as mulheres são 40% e recebem cerca de 60% do salário dos homens, mesmo exercendo jornada de trabalho total 13% superior (se levarmos em conta a jornada de trabalho remunerado e de trabalho não remunerado/doméstico); representam 70% da população em situação de pobreza absoluta do mundo; apresentam taxas de desemprego históricas (91,8 milhões de mulheres não tinham trabalho em 2007); concentram-se em trabalhos mal remunerados, sem proteção social, temporários ou eventuais; são as principais vítimas de violência e assédio sexual em seus locais de trabalho.

Agravamento da precarização e da desigualdade

Essa dura realidade tende a se agravar com a crise econômica, primeiramente porque os governos começam a cortar gastos públicos para poder acumular mais dinheiro e salvar empresas, produzindo o que os economistas classificam de socialização dos prejuízos em contraposição à privatização dos lucros. Na atual crise já foram anunciados pelo governo cortes no setor social que se traduzem em menos verbas para a saúde, a educação, a previdência e os gastos com políticas sociais específicas. O investimento em creches públicas, por exemplo, que já era deficitário face à demanda das trabalhadoras, não será retomado na medida da real necessidade, mantendo as condições que impedem um maior avanço da participação feminina no mercado de trabalho.

Por sua vez, o empresariado lança mão de um velho artifício: iniciam as demissões para forçar a flexibilização dos direitos trabalhistas e sociais, propondo, sem qualquer constrangimento, a redução de salários e o corte de encargos.

Nesse cenário de demissões e ataques aos direitos sociais, as mulheres são as mais atingidas no universo do trabalho, seja porque estão, em sua maioria, em setores da economia que apresentam as condições mais precárias, seja pelo conceito equivocado de que a renda da trabalhadora agrega a do companheiro, fazendo com que a mulher seja a primeira opção na hora do corte do emprego, sem considerar que, em muitos casos, a trabalhadora é a chefe da família. Também não se pode minimizar os efeitos do desemprego que, ao atingir o conjunto dos trabalhadores, traz conseqüências nefastas à estrutura familiar, agravando situações de violência contra mulheres e crianças.

Em defesa do emprego, dos direitos sociais e da igualdade de gênero

A crise e os desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho não serão superados sem a intervenção firme e unitária do movimento sindical. Nesse rumo, a CTB teve importante papel na construção do Pacto Sindical realizado pelas principais centrais sindicais do país, que está sendo discutido com o Presidente Lula e com os governos estaduais, tendo como tema central a defesa do emprego e dos direitos sociais. Entre as principais medidas propostas pelos sindicatos estão: a redução imediata da taxa de juros (Selic), a redução da jornada de trabalho sem redução de salário, o fim do banco de horas, a garantia de emprego e ainda a ampliação das parcelas do seguro desemprego, aliadas a políticas de formação e qualificação profissional.

A Secretaria da Mulher da CTB chama a participação ativa nas mobilizações que começam a tomar conta do país, para combater a crise do ponto de vista dos trabalhadores e trabalhadoras, pois é inadmissível que paguemos a conta da crise enquanto os grandes empresários, os banqueiros e os que vivem do capital especulativo fiquem imunes, mantendo e até ampliando os seus lucros!

É no enfrentamento de situações dessa natureza que a luta pela igualdade entre homens e mulheres pode avançar, porquanto está diretamente ligada à luta pela superação da opressão do capital com a conquista de uma sociedade mais justa e igualitária!

* Abgail Pereira é secretária da Mulher da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)

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