Amiga Mary Almeida
Eu era recém-formado em
teologia e iniciava meu ministério em Erexim, uma pequena cidade gaúcha. A
igreja que atendia era pequena e contava com uma escola anexa ao templo, cuja
diretora era casada com um militar reformado do exército.
Impressionei-me com a maldade
verbal daquele cidadão que reagiu violentamente ao mencionar que o Pe. Alcides
Guareschi, reitor da Universidade de Passo Fundo, num discurso citara um parágrafo
de um texto de Ernesto Che Guevara, revolucionário cubano. Em minha juventude não
conseguia entender como uma pessoa poderia sentir tanto ódio por outra por
questão ideológica.
De lá para a frente me
deparei com essa gigantesca possibilidade de as pessoas sentirem ódio, desrespeitarem
e destruírem outras por discordância ideológica, mesmo que todas as razões
acompanhem muito mais as objeto de suas alucinações emocionais do que elas, que
odeiam monstruosamente.
Pois nessa semana começamos
com as declarações racistas, rasteiras e preconceituosas do senhor Fernando
Henrique Cardoso, o professor, o príncipe da Sorbonne, o sociólogo da classe
dominante e da direita, que disse que os pobres e grotões nordestinos votam em
Dilma por causa de sua ignorância, por falta de informações.
Ato contínuo se sucederam
agressões homéricas pelas redes sociais e pela mídia contra o povo nordestino. Escreveram
as piores coisas e desclassificações no sentido de desconstruir a dignidade de
nossos irmãos do Nordeste. Paulistas chegaram ao ponto de pregar a separação de
São Paulo, tornando aquele Estado um País separado do Brasil. Outro escreveu
que deveriam separar-se o sudeste e o sul e entregá-los a Aécio Neves enquanto
o Nordeste ficaria com Dilma.
O pior, minha amiga Mary, é
que essas não são palavras apenas. FHC e seu seguimento ideológico odeiam os
nordestinos e os pobres com todas as forças do sangue que pulsa em suas
apodrecidas veias. São capazes de ajudar a produzir guerra e de jogar irmãos
contra irmãos para que seus desejos se realizem. A eles se juntam pessoas
intelectual e moralmente minimizadas como Silas Malafaia, aquele do espírito
santo do dinheiro, aquele homofóbico, aquele desrespeitoso que adora televisão para
aparecer, sem dizer nada porque é um analfabeto teológico, Jair Bolsonaro,
nazista e amigo de Malafaia, e todo um setor historicamente rancoroso,
ressentido e perdedores do apoio popular e do amor de um povo que resiste as
injustiças.
Uma das coordenadas da “verdade”
dessa casta é de que o que pensam, o que escrevem, o que dizem, os discursos
que fazem não têm nenhuma relação ou semelhança com a realidade. Eles constroem
castelos no ar e neles habitam e dizem que ali mora a verdade.
Suas ações, seus sonhos e
seus projetos são invariavelmente centrados nesse seu mundinho castelar e
paradisíaco, completamente vazio do povo e de suas brutais necessidades. Aqui
na terra eles costumam se reunir e morar nos bairros mais luxuosos e seguros,
distantes do mundo real do trânsito, das violências urbanas e de tudo o que
temos a enfrentar cotidianamente.
Desde o mundo deles os
Fernandos da vida pensam no poder, no Estado e em Brasília com espantoso
oportunismo, onde desejam sentar o seu mimado e drogado de mentiras e
artifícios, o senhor Aécio Neves, a partir de onde pretendem que o sobrinho do
tio do aeroporto Cláudio “viaje” numa
boa.
É impressionante como essa
direita manipuladora, covarde, inculta (embora os Fernandos sejam aparentemente
estudados) e alienada se compare em número, gênero e grau aos genocidas de
Israel na perseguição aos palestinos. Para os sionistas os irmãos palestinos
são terroristas, para os Fernandos os nordestinos são ignorantes e merecedores
de cacetetes, de bombas de efeito moral, de prisão e de esquecimento pela
justiça, pelo Estado e pela sociedade, principalmente pela sociedade deles.
Nesses dias que antecedem os
segundo turno vivemos o mesmo terror experimentado por Getúlio Vargas no
Palácio do Catete. Exatamente a mesma coisa, o mesmo conteúdo e o mesmo ódio. Nenhuma
verdade com os Fernandos, mas todo o ódio e as mentiras eivadas de denuncismos
pré-eleitorais, como os que levaram Vargas à morte.
O ódio preconceituoso,
racista e desrespeitoso dos Fernandos ganha adeptos que agem da mesma maneira
que eles. Pessoas boas que vivem no mesmo vale real dos mortais se enchem da
peste que paira no ar e repassam as mesmas mentiras geradas pelos Fernandos da
morte. E isso dói muito. Para mim tanto faz que FHC seja mentiroso, que enganou
sua própria esposa com relação extraconjugal. O triste é vermos pessoas boas
contaminadas com a podridão que jorra da alma daqueles demônios.
Abraços tristes, críticos e
fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano,
farrapo e republicano, sem se deixar enganar pelos mentirosos e desonestos.
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