Prezado Frei Antonio Santana
Neto
Alegro-me ao perceber sua
participação interessada no processo político brasileiro, meu irmão. Em tempos
de tanta alienação e confusão, aliadas à falsa neutralidade defendida para os
religiosos, sacerdotes e pastores, sua militância em defesa da cidadania e da
justiça social inspira e anima. Parabéns.
Assusto-me ao ver nas redes sociais o
alto nível de violência de pessoas movidas por paixões sectárias e odiosas. Sem
dúvidas, a mídia conservadora é a grande mola propulsora das agressões e
desrespeitos. As entrevistas de William Bonner e Patrícia Poeta testemunham
esse caos. Mas somam-se a ela grupos como o Instituto Millennium de São Paulo,
a TFP, a Opus Dei, “intelectuais” orgânicos da direita conservadora e
neoliberal, os seguimentos fundamentalistas das igrejas, inclusive com índole
assassina, de setores dos médicos CRMs que fazem campanha declarada, ofensiva e
desrespeitosa com o “Fora Dillma”, sempre de modo despolitizado, machista e
discriminatório.
Há uma linguagem cansativa e
enjoada que domina as redes sociais, eu diria que dos dois lados em luta.
Defensores da candidatura do Senador Aécio usam termos como petralhas,
comunistas, terroristas, cubanos, chavistas, bolivarianos e outros bem mais pesados e feios. Mas cansa ler do lado da candidatura Dilma pessoas se referindo a
tucanalhas, coxinhas, direitistas etc.
O que cansa é a falta de
criticidade com critérios de informação e análise política com conteúdo sério,
bem mais profundo do que acusações rotuladas.
Contra o candidato
neoliberal de direita, o senador Aécio Neves, as pessoas costumam erroneamente nomear
alguns de seus supostos problemas pessoais, sem aprofundar a causa de seu ser.
Seguidamente gira nas redes
sociais a notícia que a mídia amiga dele veiculou sobre sua dependência de
craque. Dizem até que quando governador de Minas ele aparecia no Palácio da
Liberdade, sede do governo estadual, de terça-feira à quinta-feira porque sua
ressaca dos prolongados fins de semana o impediam de governar as semanas
inteiras. Ora, se isso é verdade é questão pessoal do senador. Não é o maior
problema para uma candidatura a Presidência do Brasil.
Outra fragmentação que rolou
hoje é o de que ele bateu numa namorada sua em público, num famoso hotel no Rio
de Janeiro, causando constrangimento a muitas pessoas que assistiram o fato. Ora,
isso foi uma vez por infelicidade, se é verdade, ou é indicativo de que o
candidato é machista violento? Esse problema não interfere na vida política de
pessoa que almeje presidir a maior Nação latino americana ou interfere?
Um vídeo mostra o senador Aécio
completamente bêbado, com enorme dificuldade para caminhar, chegando num bar
para beber mais. Outra notícia no mesmo sentido repercutiu ao identificar Aécio
Neves dirigindo alcoolizado e sua carteira de motorista vencida. Duas vezes
apanhado bêbado em público, nas duas como liderança de destaque e aspirante a
Presidente. Mas beber uma ou duas vezes pode significar dependência alcoólica ou
dois porres flagrados casualmente? Ora, quem já não caiu bêbado algumas vezes
na vida? Então esses dois fatos não são decisivos para manchar a vida de um
candidato, não é?
Ultimamente repercutem os
dois aeroportos construídos para sua família com dinheiro público. O mais
estrondoso é o chamado aeroporto de Cláudio que o senador construíra para um
dos seus tios amados. Um ministro da Presidenta Dilma chegou a afirmar que o
rumoroso aeroporto do titio do senador é apenas a ponta do iceberg do candidato.
Ora, muitos dirão que isso isoladamente não significa arranhão algum no
currículo do senador mineiro, que vive no Rio de Janeiro. Afinal, os “políticos”
de bons e de ladrões todos têm um pouco.
Análises do governo de Aécio
Neves no grande Estado de Minas Gerais apontam que ele não foi o governador que
ele mesmo propagandeia em seu marketing como candidato. Ora, mas isso também
diz pouco de um grande homem, afinal todos gostariam de fazer mais e por isso
dizem que fizeram, já que suas mentes ardem de boas ideias e aspirações por
seus cidadãos e eleitores.
Então, Frei Antonio, é
injusto coar mosquitos e engolir um elefante inteiro. Se verdadeiros os fatos
acima envolvendo o presidenciável Aécio Neves, isoladamente não falam sobre sua
pessoa e de sua longa folha de serviços no uso do patrimônio público. Temos que
entender a visão de candidato neoliberal de direita Aécio Neves, sem ódio e sem
ofensas.
O que comanda a conduta
do ser humano é sua visão de vida, sua posição ideológica e suas ações
políticas.
Ora, o candidato Aécio
Neves, Senador por Minas Gerais, é da vertente política de Fernando Henrique
Cardoso e candidato amado do ex-Presidente. Nessa condição ele tem todo o
direito de defender o legado político e ideológico de seu mestre e dos que o apoiam,
na mais alta cúpula da direita brasileira, incluindo a mídia e os grupos mencionados
acima. Tudo o que ele fez e faz é causado por sua ideologia, por sua visão de
vida e de classe.
Aécio Neves vincula-se ao
privatismo detonado no governo Fernando Henrique Cardoso, em prosseguimento ao
que iniciou Fernando Collor de Mello. Como Presidente da Câmara dos Deputados, Aécio
respaldou a toda a política desnacionalizante do Brasil e engavetou um impeachment
do então Presidente, impedindo o povo brasileiro de barrar a venda dos bens
públicos de nosso País. Naquela condição, o candidato Neves apoiou a mais
escandalosa corrupção da compra de parlamentares para aprovar a reeleição do Presidente,
que desejava continuar seu projeto de venda do Brasil, coisa que acelerou no
seu segundo mandato.
A visão de vida, de classe e
as experiências políticas do Senador Aécio Neves, portanto, são de alguém que
sempre defendeu as piores borrascas da classe dominante, ligadas à sabotagem
internacional de desnacionalização dos povos e da promoção de guerras e fratricídios com interesse nas riquezas pertencentes às populações originais. Nesse
sentido o senador sempre foi coerente. Nunca foi desleal à impatriótica aplicação
da cartilha neoliberal, destruidora das espinhas dorsais nacionais, dos
direitos sociais e humanos, responsável pelo desemprego e pela miséria de mais
de 50 milhões de brasileiros e do enfraquecimento do País no consenso mundial,
rebaixando-o a mercado consumidor dos sistemas financeiros, industriais e
comerciais mundiais, como quintal dos Estados Unidos, ao ponto de Clinton
chamar a atenção de FHC para a necessidade de honestidade na política sem
corrupção. Por isso o candidato Aécio Neves votou contra a redução da carga
horária dos trabalhadores brasileiros. Agora seus economistas afirmam que o
salário mínimo é muito alto e prejudica as empresas. Ele mesmo afirmou que
desde os primeiros dias de seu governo, se essa desgraça acontecer no Brasil, não
titubeará em praticar medidas políticas impopulares (contra o povo).
Daí em diante, a honestidade
intelectual de cada um de nós nos levará a pesquisar a ideologia do candidato
Aécio Neves para compreender melhor sua alma de classe dominante, seu coração
de pedra quanto aos sofrimentos do povo e seu oportunismo ao constatar que o
Bolsa Família é popular, que dá votos e que o programa Mais Médicos realmente
serve aos pobres abandonados pelos governantes, cujo horizonte ideológico
defende e que cortá-lo seria perder apoio eleitoral dos atendidos e
beneficiados por uma medicina justa e promotora da dignidade humana.
Nosso senso ético nos levará
a nos preocupar mais com o Brasil e a superarmos as acusações baratas e ofensivas
de quem não tem argumentos, de quem mente que política não interessa, que calúnias
venais não só ofendem como não resolvem os problemas de fundo do debate sobre o
Brasil.
Quem realmente acha que
eleger Aécio Neves para praticar um projeto que prioriza a concentração de
renda, que privilegia os ricos, que reforça o mercado caótico, desumano e
egoísta, promotor dos grande males da humanidade, como guerras entre os povos e
o massacre entre irmãos da mesma Nação, que conscientemente vote nesse
candidato, podendo comprometer o futuro do Brasil e submetê-lo a ser devorado
pelos dentes carniceiros da Alca e dos Estados Unidos. Quem achar que os ricos
cada vez mais ricos e aninhados na ponta superior da pirâmide dos privilégios,
relegando o povo aos vales das lamentações sem direitos que vote nesse candidato.
Quem tiver dúvidas e move-se pelo bem, que estude com mais carinho e
profundidade os projetos aí colocados. Ofender e apelidar não basta.
Eu não acredito que alguém
que defenda a classe dominante, inclusive os interesses imperialistas e
neoliberais, ao chegar ao governo se converta e se torne justo e defensor de
seu povo e de seu País. Eu seria injusto com o candidato Aécio Neves se esperasse
tamanho sacrifico dele. Não conheço exemplos históricos de direitista que
virasse justo e bom quando no poder.
Abraços críticos e fraternos
na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano,
farrapo e republicano, sem ofender mas comprometido com o Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seus comentários serão publicados. Eles contribuem com o debate e ajudam a crescer. Evitaremos apenas ofensas à honra e o desrespeito.