Querida
amiga Elza Fonseca
Permite que te diga respeitosamente que te admiro como uma
das mulheres mais bem formadas na luta, exemplo de pessoa combativa, culta
politicamente e forjada nas trilhas revolucionárias. Conversar contigo, como
muitas vezes o fiz aí em Campo Grande-MS, é nutrirmo-nos de lições que reforçam
a esperança na vida e na militância.
Sei Elza de tua rebeldia com as injustiças e discriminações.
Pois bem amiga, convido-te para mais um momento de raiva
justa. Olha comigo para esta foto, ou como diria uma conhecida minha, para esse
retrato podre aí acima.
O que se vê nessa montagem do site Brasil 247, que juntou o prefeito do São Paulo com o
estúpido Joaquim Barbosa de um lado e o presidente da FIESP com o mesmo grosseiro
presidente do STF de outro?
Lamentavelmente vê-se a tentativa da direita de unir olho e
água no mesmo recipiente. Não me refiro à foto, tirada em dois momentos com
montagem posterior numa só, mas o que ela simboliza em termos da contradição
política e atentado aos direitos sociais que vivemos no Brasil, hoje.
Joaquim Barbosa de pé, sisudo e antipático, agarrado a uma
cadeira, utilizando-se de sua suposta – ele adora essa palavra - dor na coluna
para desrespeitar uma autoridade pública eleita pelo povo de São Paulo, que
bate às portas do STF para reivindicar justiça. Abaixo, à direita, o mesmo
Joaquim Barbosa sorridente conversa com o presidente da FIESP, a entidade mais
conservadora e especulativa do País. Lembras que uma vez um dos mais balofos de
seus presidentes, Mário Amato, para assustar os empresários e o País, disse que
se Lula se elegesse presidente do Brasil a maioria dos empresários se mudaria
para outros países?
Pois é, Joaquim Barbosa quando conversa com a gandaia da
Globo, os Marinho, com Luciano Huck e a Angélica, com os neoliberais Aécio
Neves, Anastasia e outros ou com aquela
gatinha bem nova que o acompanhou à Miami, sempre aparece nas fotos com largos
sorrisos e sentado, sem dor nas costas. A mesma coisa agora com Paulo Skaf, o
presidente da poderosa e burguesa FIESP.
Noutras palavras, ilustre amiga Elza, o olho e a água não se
misturam. O negro e ex-pobre Joaquim Barbosa, que correu atrás deste emprego na
justiça depois de saber que o presidente Lula almejava um negro no Supremo
Tribunal Federal, trai os pobres e negros para fazer a aliança com os brancos e
racistas, cujo projeto sempre foi imposto a ferro e a fogo aos negros e pobres
deste País.
Joaquim Barbosa não titubeou em buscar apoio de Frei Betto,
antes membro do governo Lula e militante do PT para atingir o seu objetivo
mesquinho e pessoal de apenas arranjar um emprego público bem remunerado e de
prestígio, sabendo que pelo rodízio na corte necessariamente seria seu
presidente. Também não vacilou em buscar apoio do próprio então ministro José
Dirceu, que apreciou o currículo de seu futuro algoz, que o julgou e condenou
sem provas, para satisfazer sua mesquinharia de ser iluminado
oportunisticamente pelos holofotes da mídia dos opressores, ao lado de quem se
sente confortável, sem dor, sorridente e feliz.
Noutras palavras, vivemos novos caminhos do golpe da direita
safada e antidemocrática. A direita usou de todos os meios para sufocar a
democracia e assaltar o Estado brasileiro: sem caráter nacional, vendeu e
roubou os bens públicos nacionais, abaixando todas as roubas para entregar o
País prostitutivamente ao imperialismo. Não furtou-se em massacrar os direitos
sociais através de golpe de Estado, matando, inclusive, um presidente e um ex
presidente. Agora essa direita usa o judiciário para golpear os direitos
sociais aos moldes do que a direita fez no Paraguai ao derrubar Fernando Lugo
da presidência.
Na foto acima, o retrato podre e vergonhoso, aparece a troca
de papeis numa afronta política e histórica. O negro que deveria brigar pelos
negros e pelos pobres, que fingidamente homenageou Nelson Mandela pelo senso de
justiça daquele estadista de quem cujos pés jamais seria digno de lamber, trai
os negros e pobres de São Paulo. Mais podre ainda: Joaquim usa o judiciário,
que deveria defender a justiça, para impedir um mínimo de justiça tributária
forçando os ricos, poderosos e concentradores de riquezas a pagar mais imposto no
afã de compartilhar um pouco mais as riquezas na capital do mais rico Estado
Brasileiro. Joaquim Barbosa chega à corte máxima da justiça brasileira sem
votos, nomeado pelo presidente mais bem votado e popular do Brasil. Ocupa um
vasto poder, agora usado para golpear e trair quem lhe deu um meio para servir
e não para odiar e castigar sem justiça.
É irônico e revoltante o que diz essa foto. Quem deveria
defender nega a justiça. Fernando Haddad, um jovem que tenta o caminho
eleitoral pela primeira vez, com uma
rica folha de contribuições dadas à educação nacional, em 2012, através
de eleição sagrada, enfrentada numa batalha desigual com o maior poder
econômico da América Latina e vence com a proposta de servir aos pobres. A essa
promessa aferra-se comprometido. Luta por transporte mais qualificado e barato
num ambiente de gigantesca corrupção por máfias internacionais. Luta por
habitação para os pobres e trabalhadores numa cidade na qual os poderosos
proprietários designam donos desde os inícios dos anos 1500. Isto é, Haddad abraça
os negros e os pobres, origem de Joaquim Barbosa, que os trai e despreza.
Esta foto é podre porque estrebucha uma política mal
cheirosa, a dos poderosos defendidos por Joaquim Barbosa, no entanto derrotados
pelo povo na capital e com vistas a ser enxotados em todo o Estado de São Paulo
nas próximas eleições. Joaquim sem votos tenta derrotar agora o Fernando Haddad
com votos, com os votos sagrados do povo.
Fico com Fernando Haddad e desprezo o Joaquim Barbosa leitor
da Veja dos burros e amigo dos apátridas Marinho.
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano, até a
morte.
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