Caro irmão e colega Dom Leonardo Steiner
Vejo com alegria na mídia a preocupação da
Conferência Nacional dos Bispos da Igreja Católica Apostólica Romana com a
reforma política que se faz necessária no Brasil.
Minha alegria, caro Dom Leonardo, é por dois motivos
que considero importantes.
O primeiro por perceber sinais do Papa Francisco no
novo movimento que a CNBB faz. Isto é, depois de anos de peregrinação pelas
trevas da direita percorrida nos papados de João Paulo II e de Bento VI, os
bispos brasileiros parecem entender que o lugar dos seguidores de Jesus é no
meio do povo e ao lado de seus direitos. O senhor nunca confirmará, mas esses
papas prestaram serviços danosos aos povos oprimidos pelo imperialismo, que
impôs ditaduras sanguinárias, guerras e rapinagens neoliberais, destruindo as
resistências na luta contra tudo o que massacrou os pobres, os trabalhadores e
os nativos das nossas nações detentoras de matérias primas e de riquezas em
seus subsolos, principalmente petróleo.
Segundo, porque a agenda de nossa conjuntura alinha
como imprescindível a reforma política. O conteúdo desta pontua interesses
inalienáveis de nosso povo brasileiro. Infelizmente a proposta do grupo de
trabalho não percebe ou não tem coragem de enfrentar questões nevrálgicas como
a reforma agrária em favor dos reais produtores nacionais e da alimentação,
antes dos grandes negócios girando a partir de lucros concentradores de
riquezas; a reforma urbana para libertar as terras de interesses imobiliários
mesquinhos e egoístas dos ricos; a reforma da saúde para desbancar as corporações
médicas, da indústria farmacêutica, laboratoriais e clínicas do centro de
interesse da saúde como bem social e direito humano fundamental; a reincorporação
de bens públicos privatizados pelo neoliberalismo impatriótico de FHC e seus
assaltantes auxiliares, como a Vele do Rio Doce, a Embraer e agora o poço de
Libras do pré sal na bacia de Santos; da educação em favor do interesse público
e estatal; da mídia, esse poderio reacionário que influencia o pensamento
social contra o interesse público etc. Porém, a reforma que contempla a
desprivatização das eleições é fundamental.
Basta de manipulação política através das eleições.
Isso é criminoso, bandido e merece superação. Não é aceitável que ricaços
comprem as campanhas eleitorais e que pessoas desqualificadas prostituam
politicamente o parlamento e o executivo para assegurar os estúpidos interesses
das máfias econômicas, tão perversas quanto corruptas.
Então - como diz a rancorosa Márcia daqui de Goiânia -
Dom Leonardo, parabéns por essa postura da CNBB. Tal atitude é tremendamente
patriótica pelo interesse democrático na defesa dos direitos políticos e
sociais de nossos cidadãos, eleitores e irmãos brasileiros.
Abaixo posto notícia veiculada pelo site Rede BrasilAtual.
Mais uma vez parabéns à Conferência Nacional dos
Bispos.
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e
pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano.
***************************************************
CNBB pede apoio de dioceses a projeto popular de reforma política
Proposta que institui o fim do
financiamento empresarial de campanhas precisa de 1,4 milhão de
assinaturas para ser votada no Congresso Nacional
por Hylda Cavalcanti, da RBA
publicado
11/11/2013 11:39,
última modificação
11/11/2013
0 Comments
Brasília – Poucos dias depois do grupo de
parlamentares que elaborou proposta sobre a reforma política ter
entregue o trabalho ao presidente da Câmara dos Deputados, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN) – na última quarta-feira (6) – a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) deflagrou o primeiro movimento
para reforçar projeto paralelo sobre o tema.
No fim de semana, a CNBB pediu às dioceses de todo o país que ajudem
na coleta de assinaturas para o projeto de iniciativa popular que prevê
mudanças de fundo no sistema política, sendo a principal delas o fim do
financiamento privado das campanhas eleitorais - considerado a porta de
entrada da corrupção em governos e parlamentos.
Além da CNBB, encabeçam a iniciativa outras 90 entidades de grande
relevância social, entre elas CUT, UNE, OAB e MST. Elas formaram a
"Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas".
Para que
o projeto de iniciativa popular seja votado no Congresso, são
necessárias no mínimo 1,4 milhão de assinaturas. Hoje, apenas 170 dos
513 deputados apoiam a proposta.
A Coalizão se prepara para a realização de um ato nacional – em data
a ser marcada ainda em novembro – e já deixou claro: não concordou com
os termos finais da proposta elaborada pelo grupo técnico instituído
pela Câmara.
Tentativas infrutíferas
No seu comunicado aos bispos brasileiros, o bispo auxiliar de
Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, pediu que os
sacerdotes façam a coleta de assinaturas em suas dioceses e lembrou que
a decisão da entidade foi aprovada em outubro passado pelo bispo
auxiliar de Belo Horizonte, dom Joaquim Mol, o representante da
comissão para falar sobre o tema.
Dom Leonardo Steiner acentuou, no seu comunicado, que já foram
feitas várias tentativas de reforma política no Congresso Nacional, mas
todas se mostraram “infrutíferas”.
O religioso enfatizou, ainda, que a razão deste insucesso é o fato de
a maioria dos congressistas “não terem interesse em reformar o sistema
político e eleitoral do nosso país porque se encontram em zona de
conforto no atual sistema”.
O bispo do Distrito Federal também mencionou, no documento as
manifestações observadas nas ruas durante o mês de junho. Dom Leonardo
Steiner ressaltou que, assim que a CNBB percebeu as mudanças no
ambiente político, entendeu que seria necessária uma “conjunção de
forças, no sentido de unificar objetivos e áreas a serem reformadas”.
De acordo com a CNBB, são cinco os temas prioritários da reforma
política: afastamento do poder econômico das eleições; adoção do
sistema eleitoral do voto dado ao partido e, depois, a um candidato de
uma lista formada democraticamente; alternância de gênero nas listas de
candidatos; fortalecimento dos partidos; e fidelidade partidária
programática.
A carta também destaca a regulamentação de “instrumentos de
democracia direta”, que são justamente os projetos de lei de iniciativa
popular, o referendo e o plebiscito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seus comentários serão publicados. Eles contribuem com o debate e ajudam a crescer. Evitaremos apenas ofensas à honra e o desrespeito.