Caríssima Professora e Pastora Andréia Anália
Eugênio
Renovo os votos de parabéns por teu precioso
aniversário.
Conto com amigos/as maravilhosos/as na lista do
Facebook. Uns/umas são tímidos/as e morrem de medo de declarar a amizade para não
serem identificados/as com alguém que se posiciona tão fortemente ao lado da
justiça e contra o sistema injusto que desgraça o povo e os povos. Outros/as de
tão frouxos me excluíram de suas listas, embora batam nas minhas costas quando
me encontram. Comentam com outras pessoas que sou radical e que não seria bom
para seus negócios que o público saiba que são meus amigos. Outros fazem parte
de outra lista de amigos de longa caminhada em trechos da estrada da luta
quando tivemos que nos dar as mãos, inclusive para nos protegermos dos inimigos
daninhos da liberdade. Estes nem sempre gostam de responder as mensagens que
lhes envio. Acham-se autossuficientes e que não precisam tanto desse amigo.
Pensam que em seus canteirinhos, onde semeiam sozinhos em suas instituições e
em seus cargos, poderão produzir frutos que saciem o mundo inteiro. Fazem
viagens internacionais, ocupam cargos de governo, sobem em degraus poderosos na
academia, integram comissões de repercussão mediática... Por que precisariam
alimentar comunhão com esse militante da plebe e do vale, onde também sorrimos
sorrisos largos e felizes na luta?
É aí que me surpreendo com tua presença –
presença é muito mais do que participar de uma lista – ativa, inteligente e
alegre em minha página. Teu currículo revela a formação profunda e crítica de
uma mulher que não se arrasta na vida, mas que íntegra a mobiliza e lhe dá
sentido. Teu álbum de fotografias é demonstração de alegria, sempre
cercada de pessoas, de mulheres realizadas e felizes, de famílias em comunhão.
Flagrei-te ao descobrir que és pastora metodista, cantora e violonista que
emociona na igreja ao testemunhar a fé. Já que és uma teóloga formada em das
universidades confessionais brasileiras mais sérias – a UMESP – certamente
embasas com seriedade as tuas ações em favor do próximo. Como eu disse, em tua
homenagem em mensagem que te enviei, tua presença no Facebbok, por onde passam
pessoas sérias e também as fúteis e futriqueiras, qualificas o debate e
valorizas as mulheres criadoras.
Pois bem, minha querida amiga Andréia,
apresento-te, e a todos os que acessam este blog, dois textos maravilhosos. Um
é do filósofo e teólogo Leonardo Boff. Certamente tu o aprecias, também. E
outro é de um amigo brilhante chamado Fernando, que aduz ao artigo de Boff,
ratificado por ele, um comentário esclarecedor e revelador das tramas terríveis
da arrogância imperialista dos Estados Unidos e das sujeiras que despeja por
todo o mundo. Fernando abrange aspectos mais específicos que indicam o triste
papel de igrejas evangélicas: intolerantes, fanáticas, moralistas, submissas
colonizadas, patrocinadas por empresas e governo estadunidenses para alienar e
afastar o povo das lutas. Fernando também crava os dedos sobre o malfadado Papa
João Paulo II, que serviu porcamente como garoto propaganda dos Estados Unidos
no marketing do neoliberalismo e na destruição do socialismo. Vale a pena ler.
As denúncias desvelantes do papel rubro dos
Estados Unidos por trás das grandes tragédias e atentados à autonomia dos povos
não deixam dúvidas da atuação do cada vez mais enfraquecido, mas ainda muito ameaçador monstro,
inclusive aqui no Brasil. A mídia, tanto como TVs, jornais, revistas, cinema e
até boa parte da internet, conta com a corrupção terrorista americana. Há
jornalistas despidos de qualquer respeito à verdade, à justiça e à democracia
que prestam serviços desavergonhados e sombrios ao decadente, mas perigoso e
assassino império do Norte. Há pouco soube-se que o governo estadunidense paga
jovens do mundo inteiro para que promovam movimentos de desgaste, de calúnias,
de injúrias e atentados contra governos nacionalistas e populares com o
objetivo de derrubá-los. As manifestações aqui no Bras
il em junho e ainda algumas que acontecem em vários lugares contam com
patrocínio do governo americano e com grupos brasileiros impatrióticos que se
movimentam no sentido de que o atual modelo, apesar de ainda fraco, de
desenvolvimento nacional seja destruído para que o Brasil volte ao rumo
anterior neoliberal na entrega de nossas riquezas à ganância irrefreada da
besta monstro.
Penso, minha querida amiga aniversariante, que
devemos – temos obrigação – de nos prepararmos e nos aprofundarmos cada vez
mais na compreensão do momento e da conjuntura que vivemos. Ora, o império
investe violentamente contra os povos, derrama sangue de crianças, jovens,
trabalhadores, mulheres e velhos, sem respeito a nada e a ninguém, certamente
não nos respeita nem tolerará obstáculos na ânsia de roubar nosso abundante
petróleo, nossa poderosa Amazônia, nossos rios de água doce e nosso parque
industrial. O único obstáculo às suas patas monstruosas é a mobilização
nacional organizada e séria, que também nos permitirá avançar.
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça
e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e
republicano.
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O sequestro do Presidente da Bolívia Evo Morales, impedindo
que seu avião sobrevoasse o espaço europeu e a revelação da espionagem
universal por parte dos órgãos de informação e controle do governo
norteamericano (NSA) nos levam a refletir sobre um tema cultural de
graves consequências: a arrogância. Os fatos referidos mostram a que
nível chegou a arrogância dos europeus forçadamente alinhados aos EUA.
Somente foi superada pela arrogância pessoal de Hitler e do nazismo. A
arrogância é um tema central da reflexão grega de onde viemos.
Modernamente foi estudada com profundidade por um pensador italiano com
formação em economia, sociologia e psicologia analítica, Luigi Zoja,
cujo livro foi lançado no Brasil:”História da Arrogância”(Axis Mundi, São Paulo, 2000).
Neste livro denso, se faz a história da arrogância, nas culturas
mundiais, especialmente na cultura ocidental. Os pensadores gregos
(filósofos e dramaturgos) notaram que a racionalidade que se libertava
do mito vinha habitada por um demônio que a levaria a conhecer e a
desejar ilimitadamente, num processo sem fim. Esse energia tende a
romper todos os limites e terminar na arrogância, no excesso e na
desmedida, o verdadeiro pecado que os deuses castigavam impidosamente.
Foi chamada de hybris: o excesso em qualquer campo da vida humana e de
Nemesis o princípio divino que pune a arrogância.
O imperativo da Grécia antiga era méden ágan: “nada
de excesso”. Tucídides fará Péricles, o genial político de Atenas,
dizer: “amamos o belo mas com frugalidade; usamos a riqueza para
empreendimentos ativos, sem ostentações inúteis; para ninguém a pobreza é
vergonhosa, mas é vergonhoso não fazer o possível para superá-la”. Em
tudo buscavam a justa medida e autocontenção.
A ética oriental, budista e hindu, pregava a imposição de limites ao desejo. O Tao Te King
já sentenciava:”não há desgraça maior do que não saber se
contentar”(cap.46); “teria sido melhor ter parado antes que o copo
transbordasse”(cap.9).
A hybris-excesso-arrogância é o vício maior do poder, seja pessoal,
seja de um grupo, de uma ideologia ou de um Império. Hoje essa
arrogância ganha corpo no Império nortemericano que a todos submete e no
ideal do crescimento ilimitado que subjaz à nossa cultura e à economia
política.
Esse excesso-arrogância chegou nos dias atuais a uma culminância em duas frentes: na vigilância ilimitada que consiste na capacidade de um poder imperial controlar,
por sofisticada tecnologia cibernética, todas pessoas, violar os
direitos de soberania de um país e o direito inalienável à privacidade
pessoal. É um sinal de fraqueza e de medo, pois o Império não consegue
mais convencer com argumentos e atrair por seus ideais. Então precisa
usar a violência direta, a mentira, o desrespeito aos direitos e aos
estatutos consagrados internacionalmente. Ou então as desulpas pífias e
nada convincentes do Secretarário de Estado norteamericano quando
visitou, há dias, o Brasil. Segundo os grandes historiadores das
culturas, Toynbee e Burckhard, estes são os sinais inequívocos da
decadência irrefreável dos Impérios. Nada do que se funda sobre a
injustiça, a mentira e a violação de direitos se sustenta. Chega o dia
de sua verdade e de sua ruína. Mas ao afundarem causam estragos
inimagináveis.
A segunda frente da hybris-excesso reside no sonho do crescimento ilimitado
pela exploração desapiedada dos bens e serviços naturais. O Ocidente
criou e exportou para todo mundo este tipo de crescimento, medido pela
quantidade de bens materiais (PIB). Ele rompe com a lógica da natureza
que sempre se autoregula mantendo a interdependência de todos com todos e
a preservação da teia da vida. Assim uma ávore não cresce
ilimitadamente até o céu; da mesma forma o ser humano conhece seus
limites físicos e psíquicos. Mas esse projeto fez com que o ser humano
impusesse à natureza a sua regulação arrogante que não quer recohecer
limites: assim consome até adoecer e, ao mesmo tempo procura a saúde
total e a imortalidade biológica. Agora que os limites da Terra se
fizeram sentir, pois se trata de um planeta pequeno e doente, força-o
com novas tecnologias a produzir mais. A Terra se defende criando o
aquecimento global com seus eventos extremos.
Com propriedade diz Soja:”o crescimento sem fim nada mais é que uma
ingênua metáfora da imortalidade”(p.11). Samuel P. Huntington em seu
discutido livro O choque de Civilizações (Objetiva
1997) afirmava que a arrogância ocidental constitui “a mais perigosa
fonte de instabilidade e de um possível conflito global num mundo
multicivilizacional” (p.397).
Esta ultrapassagem de todos os limites é agravada pela ausência da
razão sensível e cordial. Por ela lemos emotivamente os dados,
escutamos atentamente as mensagens da natureza e percebemos o humano da
história humana, dramática e esperançadora. A aceitação dos limites nos
torna humildes e conectados a todos os seres. O Império norteamericano,
por uma lógica própria da arrogância dominadora, se distancia de todos,
cria desconfianças mas jamais amizade e admiração.
Termino com um conto de Leon Tostoi no estilo de João Cabral de Mello Neto: De quanta terra precisa um homem?
Um homem fez um pacto com o diabo: receberia toda a terra que
conseguisse percorrer a pé. Começou a caminhar dia e noite, sem parar,
de vale em vale, de monte em monte. Até que extenuado caiu morto.
Comenta Tostoi: se ele conhecesse seu limite, entenderia que apenas uns
metros lhe bastariam; mais do que isso não precisaria para ser
sepultado.
Para serem admirados os EUA não precisariam mais do que seu próprio
território e seu próprio povo. Não precisariam desconfiar de todos e
bisbilhiotar a vida de todo mundo.
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Comentário do Fernando
Fernando Link Permanente
18/08/2013
Meu caro frei,
Por que ninguém fala às claras do que realmente está acontecendo nos EUA e no mundo? Os sionistas estão por trás deste plano maligno, já se apossaram dos sistemas midiático e financeiro mundais, fizeram da Inglaterra e dos EUA sua sede, se instalaram no poder destes dois países e dali irradiam com seus tentáculos toda a sorte de barbaridades contra o resto do mundo. Financiam seitas neopentecostais de que cristãs nada tem a não ser o nome de N.S., mas agem como os piores fariseus do AT disseminando sua ideologia de ódio entre ignorantes do mundo todo.
O filósofo Adorno há muitas décadas vaticinou que o fascismo ressurgiria mais forte e melhor articulado exatamente onde seria menos provável que aparecesse: nos EUA. Por que será? Naturalmente, ele não tinha uma bola de cristal mas sabia analisar, com os dados que dispunha, que os rumos adotados pelos EUA após o término da 2ª guerra e os acordos secretos feitos com este grupo conduziriam a isto. E agora vemos o que vemos: países que do dia para a noite quebram e são jogados à miséria, uma economia gigantesca e forte como a Americana quase quebra e o socorro financeiro vai para os bancos e suas holdings, espionagem em todo e qualquer canto deste planeta, engenharia social a serviço da construção e desconstrução de modelos que sejam interessantes a determinados grupos e por aí afora.
E o mais interessante: no Brasil não se ouve um A a respeito. Este grupo é blindado, é como se não existissem. Estão aí incitando o ódio a árabes e quem mais se lhes desafete, vomitando suas críticas recheadas de ódio e ressentimento às esquerdas latino-americanas, chamando de estúpidos a quem não reze pela sua cartilha. Mas ninguém se atreve a falar deles ou citá-los. E não se trata de anti-semitismo pois os rabinos de NY se juntaram já há alguns anos em duras críticas ao estado de Israel e sua política internaconal de expansão belicista e intromissão nos negócios internos de outros países. Para quem quiser conhecer mais digite “jews against zionism” no youtube. Tem vários vídeos com manifestações dos rabinos americanos contra o que eles chamam de um verdadeiro crime.
E, para concluir, temos agora a “beatificação” de João Paulo II, o eifciente garoto-propaganda a a serviço do neo-liberalismo de Thatcher e Reagan, ídolo das elites por ter se empenhado no processo de desconstrução do socialismo e que simplesmente jogou a culpa da traição e morte sofridas por Cristo em cima dos romanos, povo que nem existe mais hoje em dia, subvertendo totalmente os textos dos 4 Evangelhos que contam com grande clareza a armação feita pelos sacerdotes do templo que não tendo nada do que acusá-lo, armaram um complô e o caluniaram para que fosse odiado pelo povo e morto pelas forças de ocupação romana.
Aí fica difícil, né?
Um grande e respeitoso abraço cheio de admiração por seu trabalho e sua pessoa,
Fernando
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