Povo quer fim de leilão do petróleo, afirma carta de entidades a Dilma
CUT, FUP, Contag, Fisenge, MST e outras entidades e movimentos sociais
pedem que Dilma cancele o leilão
Decididos
a barrar o lei lão do petróleo, previsto para estas terça e quarta-feira (14
e 15 de maio), e contra a privatização do setor elétrico, entidades de
trabalhadores e movimentos sociais brasileiros enviaram uma carta à
presidente Dilma Rousseff, assinada por diversas entidades, pedindo a
suspensão do processo conduzido pela Agência Nacional do Petróleo e Gás
(ANP) e advertindo a presidenta que o caminho das privatizações, que atingiu
o auge no período neoliberal de FHC, é um erro estratégico que trará graves
prejuízos ao Brasil e não é solução para o país.
Segue a íntegra da carta com
algumas das dezenas de entidades que apoiam a iniciativa.
Carta à presidenta Dilma
Excelentíssima Senhora
Dilma Vana Rousseff
Presidenta da República do
Brasil.
Brasília, 10 de Maio de 2013.
Excelentíssima,
Nós, movimentos populares e
sindicais abaixo assinados, vimos, por meio desta, solicitar o cancelamento
dos leilões de petróleo, previstos para os dias 14 e 15 de maio de 2013, bem
como o cancelamento do processo, que prevê a privatização das hidrelétricas,
de Três Irmãos em São Paulo e Jaguara em Minas Gerais, além de várias outras
usinas, que podem significar cerca de 5.500 MW médios. Estes leilões
significarão a retomada das privatizações em um dos setores mais
estratégicos ao povo brasileiro. Entregar o petróleo e as hidrelétricas, que
fazem parte do patrimônio da União ao capital internacional, será um erro
estratégico.
Lembramos que o povo
brasileiro, com seu trabalho e suas lutas, construiu um grande setor de
energia no Brasil. A luta do "PETRÓLEO É NOSSO", juntamente com a utilização
dos nossos rios para a produção de energia elétrica nos propiciou, por muito
tempo, que estas riquezas estivessem, em certa medida, sob controle
nacional, uma vez que o controle estava garantido pelo Estado.
Foi, sem dúvida, no período dos
governos de Collor e Fernando Henrique Cardoso, que este sistema foi sendo
destruído e entregue ao capital internacional, sob o pretexto de que não
servia mais para o nosso país. As melhores empresas públicas foram entregues
para o controle das grandes corporações transnacionais, prejudicando nosso
país e os trabalhadores.
Nessas ocasiões, os setores
neoliberais se apropriaram do discurso falacioso da ineficiência do Estado,
especialmente na gestão das empresas públicas, com o objetivo de iludir o
povo brasileiro com falsas promessas e entregar o patrimônio público para o
"mercado".
Esta história nós já conhecemos
bem. Depois da privatização, a energia elétrica aumentou mais de 400% (muito
acima da inflação), trabalhadores foram demitidos e recontratados com
salários menores e em piores condições e a qualidade da energia elétrica
piorou muito. Quedas de energia, explosão de bueiros e apagões são
consequências da privatização.
No setor do petróleo a
realidade é semelhante, FHC quebrou o monopólio estatal e vendeu parte da
Petrobras, e só não fez pior, porque foram derrotados na eleição de 2002.
Não é a toa que todo este
processo foi chamado de PRIVATARIA. Mais de 150 empresas públicas - das
melhores - acabaram sendo entregues aos empresários, a preços irrisórios.
O povo brasileiro votou em Lula
duas vezes e em Dilma no ano de 2010, ciente de que aquilo que foi feito nos
governos anteriores não era bom para o Brasil. A esperança vencia o medo e
exigia que as privatizações tivessem um basta.
A extraordinária descoberta de
petróleo na área chamada pré-sal, as enormes reservas de água, nosso
território e nossas riquezas naturais exuberantes e, fundamentalmente, a
capacidade de trabalho dos trabalhadores brasileiros, acenam para a
construção de um país com enormes potencialidades, com possibilidades de
usar e bem distribuir estas riquezas. E é isto que vemos ameaçado nesse
momento.
Se as riquezas são tantas e
boas para o país, por que entregar para as grandes empresas transnacionais
as riquezas do povo brasileiro?
São as empresas do Estado
Brasileiro, entre elas a Eletrobrás e a Petrobrás, que impulsionam o setor
de energia em nosso país. É o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social-BNDES, quem financia as demandas do setor. São as empresas de
pesquisa do Estado que fazem os estudos. São as empresas estatais, em
especial, o Sistema Eletrobrás que está ofertando eletricidade a preços mais
baratos. Então, por que não discutir com nosso povo, unir forças e buscar
soluções para que, tanto o petróleo quanto a energia elétrica, fiquem nas
mãos do Estado, com soberania nacional, distribuição de riquezas e controle
popular?
É fundamental que todos nós
tomemos posição neste momento tão importante para o destino da nação.
Defendemos o cancelamento dos leilões, que irão privatizar o petróleo e as
usinas hidrelétricas, que estão retornando para a União.
Não temos dúvida de que, se
consultado, o povo brasileiro diria: Privatizar não é a Solução.
Certos de que seremos atendidos
em nossas proposições, nos dispomos a discutir, mobilizar nosso povo, buscar
a união de todos para que estas riquezas sejam do povo brasileiro e com
controle do Estado. Nos colocamos à disposição para discutir com Vosso
governo e com o povo brasileiro.
Sem mais, aguardamos resposta".
Entre as entidades que assinam a carta estão:
Central Única dos Trabalhadores (CUT), Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), Federação Única dos Petroleiros (FUP),
Federação Interestadual de Sindicato dos Engenheiros (FISENGE), Federação
Nacional dos Urbanitários (FNU), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
(MST), Sindicato Unificado dos Trabalhadores de Minas Gerais (Sind-UTE MG),
Central dos Movimentos Populares (CMP), Federação Estadual dos Metalúrgicos
– CUT/MG, etc.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seus comentários serão publicados. Eles contribuem com o debate e ajudam a crescer. Evitaremos apenas ofensas à honra e o desrespeito.