Ricardo
Mignone.
Do meu amigo Paulo Henrique Zarat Tavares! Eu co-assino!
É de se ter dó e piedade daqueles que se regozijam com a possibilidade da
condenação de José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares.
O efeito catártico que o julgamento do mensalão está causando em algumas
pessoas, mostra nitidamente como a campanha midiática contra o PT moldou
corações e mentes.
Pessoas que até pouco tempo nem sequer se interessavam por política, hoje
comemoram cada voto de condenação como se fosse um gol do seu time.
Nem se constrangem em se mostrar como massa de manobra da espetacularização que
os veículos de comunicação fazem do julgamento.
Terminado o julgamento, voltarão à usual falta de compromisso com a cidadania.
Há aqueles que, do alto da sua insipiência, arriscam a criticar o voto do
ministro Levandowski. Esses ainda tentam dar um ar de sofisticação ao simples
sentimento mesquinho de vingança que cultivam dentro de si.
E, claro, há os que são simploriamente levianos porque não sabem ser outra
coisa.
“O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete”, disse Aristóteles.
Então, fica a pergunta: há quem interessa criminalizar a política?
Um desabafo...por mim mesmo
No período anterior ao golpe de 1964, a direita
brasileira aliada à elite dominante adotou a tática lacerdista de acusar os
governos da época (Getúlio, JK, Jânio e Goulart) de tudo quanto é
irregularidade. Desde ferrar a economia quanto a querer se aproximar da então
URSS e de Cuba. A elite foi às ruas, em manifestações como a marcha das
famílias. Os jornais da época caíram de pau em cima da esquerda e, em alguns,
casos, após o golpe, até emprestavam carros da reportagem para agentes da
ditadura fazerem campana nos “aparelhos comunistas”.
Guardadas as devidas proporções, o que se vê hoje é
muito parecido. A imprensa, em sua maioria, cai de pau nos governos de esquerda
e a elite protesta (lembram do movimento do “Cansei”?). Quem conhece a história
recente do Brasil percebe claramente a semelhança dos fatos e de estratégia.
Por isso, para mim, entre os críticos verborrágicos
existem duas categorias: os mal informados que são manipulados facilmente e os
aliados dessa estratégia.
Nunca disse aqui que não há corrupção nos governos do
PT e de qualquer outro partido de esquerda, até porque isso é um mal tão
arraigado no País que esses partidos nunca conseguiriam sequer sucesso nas
urnas se não aderissem ao jogo. A própria população faz parte do jogo ao não
seguir princípios éticos e de cidadania, os quais todos estão fartos de saber e
não vou repetir aqui.
O que defendo com unhas e dentes é que os mesmos que
acusam também fazem parte do jogo, ou seja fazem a mesmíssima coisa. O
julgamento do chamado “mensalão”, que nem foi o PT que criou, é cartas marcadas
e sempre foi. O que esperar de um tribunal que fechou os olhos para diversos
escândalos mais que provados em governos da direita?
O que ocorre no Brasil hoje é uma espécie de
inquisição. “Queimem as bruxas”, diziam os líderes católicos no passado.
“Prendam os petralhas”, dizem os hipócritas hoje. É mais uma vez um tribunal de
exceção.
Os que mandaram queimar no passado e mandam prender no
presente são muito parecidos. Defendem interesses. Querem manter o “status
quo”! Cabe à população acordar e perceber a manipulação. Por isso é importante
o papel da internet.
“Você vai criar inimizades”, me alertam sempre aqui,
por causa de minhas manifestações. Não importa. Isso é um papel de cidadania e
de fugir da omissão.
Antes de criticar a esquerda, olhe em sua volta e veja
como o Brasil mudou nos últimos anos. Converse com pessoas humildes como eu
faço sempre. “Ah, mudou, mas o governo é corrupto”, refuta alguém de vez em
quando. Ué, mas os anteriores também não eram?
Coloque isso na mente: nenhum governo seja municipal,
estadual ou federal, consegue trabalhar no Brasil sem entrar nos esquemas
fraudulentos de licitações, propinas, comissões para fulano ou beltrano. O de
Lula também não conseguira como o de FHC não conseguiu e o de Dilma também
garanto que não.
Aprenda que o combate à corrupção começa primeiro na
sua consciência, depois na sua casa, na sua rua, bairro, cidade, estado e por
aí vai. Não espere uma mudança de cima para baixo porque ela não virá. Faça
você a mudança.
Antes de criticar político, pague os impostos
corretamente, não estacione em fila dupla, respeite os idosos, obedeça as leis
de trânsito, não falsifique documentos como carteirinha de estudante e diploma,
não compre lote em área de grilagem (adoro essa), não peça emprego para
político, jogue lixo no lixo... Não vou colocar mais exemplos de falcatruas
personalizadas que ocorrem Brasil afora porque nem caberia aqui.
Enfim, para deixar claro, espero que os mesmos
critérios usados no caso do mensalão sejam utilizados daqui em diante ao se
julgar outros tantos escândalos de corrupção. Espero que as pessoas sejam mais
cuidadosas e criteriosas ao opinar. Estude um pouco a história recente do
Brasil. Se você não a conhece vai se surpreender com as semelhanças.
Querido amigo,
ResponderExcluirGostei muito de sua postagem e já reproduzi no meu blog.
É preciso refletir sobre a atual situação jurídica do país, depois de todas as aberrações constitucionais que temos assistido no julgamento da AP 470, ninguém é mais de ninguém, qualquer um vai poder inverter o direito e simplesmente acusar seu desafeto na justiça, ele que se vire para provar sua inocência, sem falar que a Suprema Corte estabeleceu que apenas indícios são suficientes para condenar alguém em qualquer ação penal a partir de agora, é o salve-se quem puder constitucional, é uma nova e mais perigosa ditadura, a ditadura da toga, muito mais perigosa, posto que coberta pelo manto (já maculado) da "justiça", em pleno estado democrático de direito. É lamentável!
A nós cabe gritar contra todo tipo de injustiça, togada ou não, e nos manter na eterna luta por uma sociedade mais justa.
Um grande abraço,
Lili.
http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/2012/10/cartas-e-reflexoes-profeticas-dos.html