Querido amigo e companheiro Manoel Galdino
Vibro de alegria com tua decisão juntamente com teu grupo de participar ao nosso lado da luta pelas mudanças sociais, políticas e econômicas. Contas em tuas relações de amizade com evangélicos, inclusive pastores com forte densidade numérica de pessoas, cuja importância influencia eleitoralmente e com quem querem contar todas as pessoas de boa vontade que labutam na construção de justiça social. Participam também de teu grupo católicos romanos fortemente engajados na luta social, particularmente no campo da pastoral da saúde e da moradia. Nesse sentido é exemplar o testemunho do querido irmão Emanuel, que se envolve com a pastoral da saúde e com associações de moradores, na conquista de mais qualidade de vida para os moradores e para os doentes, principalmente os mais humildes. Nessa semana visitarei o amigo evangélico Dijalme, Presidente da Associação dos Renais e Transplantados de Goiás. Sei que essa unidade com aparticipação de vocês trará mais respostas às demandas de quem luta e se dedica ao próximo. Encontraremos “o caminho das pedras” em termos de reforço à dedicação de pessoas que se entregam ao próximo, como exemplificam os irmãos Emanuel e Dijalme. Parabéns a todos, meu irmão. Podem contar comigo e com nossa luta.
Nas minhas caminhadas por Goiânia e nas aulas em cursos de pós graduações, que ministro em várias cidades do Estado de Goiás, me entusiasmo com o número elevado de evangélicos que estudam, lecionam e trabalham fora das muralhas sagradas das igrejas, superando a ideia de que Jesus seja propriedade de igreja e seu prisioneiro. Também me emociono com católicos romanos de alta qualidade intelectual e social com quem me deparo como é o caso de uma teóloga, escritora e educadora de Rio Verde. Ela é compreensiva com a luta pelas transformações sociais. Ela me entusiasma e me carrega de esperança.
Pois bem, amigo e companheiro Manoel, por outro lado, percebe-se dramática “direitização” de grandes setores cristãos católicos e evangélicos. Esses grupos arrastam enorme contingente de pessoas a apoiar partidos e candidatos de direita. Ora, votar e defender a direita não é apenas causualidade nem mesmo é ingenuidade, mas tem consequências elevadamente funestas e cruéis para o povo e para o próprio cristianismo. Os exemplos são fortemente claros em todo o País. Em São Paulo católicos da ordem “Opus Dei”, de conteúdo e prática nazifascistas arrastam milhões de católicos para o lado neoliberal encabeçado por Geraldo Alkimin, em prejuízo do povo e no atraso política do estado mais rico do Brasil. Líderes como o Pastor Silas Malafaia são extremamente oportunistas, marcados pelo incontrolável desejo de enriquecimento, compra de Tvs e de Rádios, de discurso moralista de linha farisaica e arcaica, cuja análise caolha e redutiva reduz a política ao anti homossexualismo e suas nuances como casamento entre gays, o anti abortismo descontextualizado e machista, sempre com apoio de grupos de direita e de imagens ligadas à violência, à corrupção e privatização dos aparelhos de Estado. Noutras palavras, Silas Malafaia e outros apenas se interessam por quem lhes promete geradores de imagens e áudios de TVs e de rádios, com o disfarçado objetivo de buscar almas para Cristo, desde que deixem com eles suas carteiras e polpudos dízimos. Nesse sentido é enojante assitir os programas de Silas Malafaia: o homem reserva boa parte do tempo de sua programação para pressionar os telespectadores para comprar os produtos que oferece, perdendo longe para os melhores vendedores do mercado. É esse tipo de líder que apoia a direita contra tudo o que se busca em favor do Brasil. Para eles nada importa se não dinheiro, mais dinheiro e Tvs. Aqui em Goiás conta-se com o conservadorismo de vários pastores “evangélicos” e clérigos romanos, sempre prontos à bajulação e a curvar-se diante do deus dinheiro. Este é o caso do assustado pastor neoliberal tucano e deputado estadual Fábio Sousa. Promove passeatas em combate ao aborto, com discursos moralistas e inconsistentes, sempre com o apoio dos “encaichoeirados” Marconi Perillo e Demóstenes, setores reconhecidamente decadentes. Conta com o reforço da atrasada bancada evangélica no Congresso Nacional, continuadamente pronta a defender os interesses dos grandes proprietários rurais, que amam o regime escravo na relação com seus trabalhadores e trabalhadoras.
Isso é triste, meu irmão Manoel. Nossa América Latina é berço de uma das opções mais sérias e consequentes pela libertação de nossos povos, desde nossas colonizações massacrados pela miséria e pela dependência de ditos países centrais. Não passávamos de nações periféricas. Milhões de cristãos ingressaram na luta pelas mudanças, muitos deles mártires de golpes, crimes e assassinatos promovidos pelo imperialismo e seus ajudantes em cada país. Avançamos muito na derrota da ALCA e enfraquecimento do imperialismo através do FMI e outros tentáculos. Vi na Nicarágua com os Padres Ernesto Cardenal, Fernando Cardenal e Miguel D’Escoto, ao lado de milhares de católicos e evangélicos, até mesmo pentecostais, o engajamento na revolução sandinista que derrotou os Estados Unidos através do afastamento do regime Somozista, auxiliar imperialista na submissão do povo nicaraguense. No Brasil convivi com multidões de sacerdotes, pastores e leigos que se enfileiraram na luta pelas profundas transformações, desde a cruel ditadura militar, cujos torturadores até hoje por aí andam a perturbar a ordem democrática, até o excludente e anti social neoliberalismo, ainda atuante no Brasil e no mundo. Vi companheiros cristãos ser massacrados e mortos em nome de sua fé no Jesus que optou pelos oprimidos e excluídos.
Identifico a guinada à direita na eleição dos Papas João Paulo II e Bento XVI e na criação do Instituto da Criação pelo presidente caubói americano Ronaldo Reagan. Quando João Paulo II visitou a Nicarágua o povo católico romano pediu que ele rezasse pelos mártires da revolução, que o decepcionou ao negar-se a tal ato de conforto e ainda proibiu os padres de militar em favor dos direitos humanos através da revolução. Por decisão do Vaticano, que não queria magoar o Império Americano, a seu favor centenas de milhares de padres abandonaram o povo e se voltaram para as sacristias e altares, celebrando missas sem compromisso com o povo e com as mudanças, em pura consolidação da colonização e da dependência ao Império Americano, ao desprezo do povo e ao fechamento de olhos e ouvidos aos seus gemidos e sofrimentos. Para reafirmar sua visão de direita, anti popular e anti nacional o Papa retirou das cés episcopais e arquidiocesanas bispos e cardiais como D. Helder Câmara, Paulo Evaristo Arns, Pedro Cassadáliga, Thomaz Balduíno e outros engajados nas lutas sociais. Em seus lugares empossou conservadores amarrados aos ricos e anti povo. O caso do Arcebispo de Assunção, capital do Paraguai, que apoiou os golpistas que derrubaram o ex-bispo Fernando Lugo da Presidência, não é mera coincidência. É decisão deliberada do Vaticano que se move pela direita manobrada pela Opus Dei. Lamentavelmente muitas igrejas evangélicas seguem pelo mesmo caminho. Aqui em Goiás vê-se essa trilha manifesta em atitudes bem demarcadas pelos deputados pastores João Campos e Fábio Sousa. O primeiro presidente é tucano e integrante da Bancada Evangélica . O segundo é vice presidente da Assembleia Legislativa de Goiás e membro da cúpula conservadora de uma das maiores igrejas evangélicas daqui, também dirigente do novo udenismo tucano. Ambos vinculam-se ao decante grupo marconista, cujo governador “encaichoeirado” enreda-se em direção ao impeachment. Pastores evangélicos e clérigos outros que se perfilam nessa linha de pensamento e de ação de direita desgastam o cristianismo e traem a proposta de Jesus porque traem o povo, reduzindo-se a interesses mesquinhos e pequenos. Muitos se cansam deles, tanto que João Campos e Fábio Sousa tentaram articular chapas como candidatos a prefeitos de Goiânia e não conseguiram. Não conseguiram porque estão do pior lado possível. Eles são marconistas e nadam na Cachoeira. Isso tudo é gravíssimo. Isso suja a fé e descaracteriza o cristianismo. Por isso a gente tem que ouvir de certos setores ignorantes que os cristãos são idealistas e de direita ou, não sei o que é pior, que os cristãos não deveriam se meter em política, numa verdadeira violência ao princípio da luta pela cidadania, assegurado pela Carta Universal dos Direitos Humanos e pela Constituição Federal do Brasil.
Felizmente, querido irmão e companheiro Manoel Galdino, que vocês escolhem o lado certo e o caminho prático para a luta em favor de nosso povo de Goiás e de Goiânia. Vocês são muito bem vindos. Vocês só somarão muito aqui e crescerão infinitamente. Aqui nunca serão estimulados ao deixar de ser cristãos. Pelo contrário. Aqui vocês serão estimulados a serem seguidores de Jesus também na luta pela construção da justiça e da equidade de vida digna para todos. Basta de Marconi, de cristãos na direita, de Demóstenes moralista e hipócrita e dos Cachoeiras que tentam privatizar o Estado e esculhambar o povo. O projeto da direita é abominável e desumano. Não deu e nunca dará certo.
Bem vindos, meu irmão e companheiro. Abraços críticos e fraternos.
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