Neste ultimo fim de semana de abril de 2010 vivenciei uma
experiência maravilhosa com um grupo de professores/as, que participaram de um
módulo de um curso de pós-graduação.
Como professor da disciplina “Docência no Ensino Superior” reuni-me de
sábado pela manhã a domingo à tarde, em Rio Verde – GO. Mais do que nos preocuparmos com métodos e
metodologias nos ocupamos com o pensar, refletir, criticar, analisar e re-propor
a educação nas universidades e em todos os níveis. Mas aqui não penso sobre
isso, mas compartilho com vocês um pouco do que senti nessa frutuosa ventura.
1. Interação ecumênica: do grupo participaram pessoas muito interessantes do ponto de vista de
suas cosmos visões. Uma pastora de uma Igreja Assembléia de Deus se demonstrou
inteligente, comprometida com o
humano. Ela e o marido, também pastor, leitores de Leonardo Boff e de outros
teólogos de vulto da Teologia da Libertação, são feministas e com plena
confiança nas mulheres, tanto que sua igreja as ordena e as respeita como
líderes capazes e competentes. Minha querida “aluna”, que também é professora, foi uma das que mais
contribuiu com o grupo. Isso me ensina que a inteligência e o ser progressista
não é privilégio de ninguém. Outra pessoa que me impressionou muito foi uma
mestra em literatura, escritora e bacharelanda em teologia, plenamente engajada
nas pastorais católicas romanas. Pessoa ecumênica, de conhecimento sólido e
fecundo, participativa, alegre e de enorme sensibilidade com os problemas
sociais. Suas intervenções em sala de aula sempre iluminaram e enriqueceram as
reflexões. Uma outra professora relatou sua luta na escola, sempre buscando
solidariedade entre alunos/as mais sofridos e oprimidos econômica e
socialmente. Contou do suicídio do marido de uma aluna e o que fez para além da
sala de aula para motivar a estudante a prosseguir com os estudos. A professora
é uma jovem de 26 anos, mas de um vigor revolucionário de nos encher de
esperança. Outra mestra batalhadora me contou de suas lutas desde a juventude
para estudar, levando quedas de motos e passando por todos os sacrifícios no
enfrentamento de obstáculos como mulher, mãe e profissional. Suas quedas de
moto lhe valeram inúmeras cirurgias e parafusos nas pernas. Mas ela lá estava
em pé na vida e na luta. Sua análise social é fina e perceptiva de por onde
deve passar o desenvolvimento do País. Pessoa extremamente agradável e rica de
afeto e de bom humor. No domingo à tarde, durante a avaliação, um professor emocionado
referiu-se as dificuldades que se tem de conhecer as causas de nosso atraso
educacional e econômico no País, submergindo-nos em certa alienação. Ao
perceber, através do módulo, onde nasce o subdesenvolvimento e os responsáveis
por ele declarou corajosamente que refletiria muito sobre seu voto nas eleições
nesse ano. Esses são exemplos represntativos entre tantos do grupo, de heroísmo e sede de crescer teorca e praticamente.
2. Escuridão consciencial: o grupo era heterogênio. Misturavam-se jovens, pessoas adultas e mais
idosas. Mas todos/as unanimemente declaram que nunca ouviram claramente nenhuma
análise profunda das causas da derrota da educação em nosso País. A derrota
aqui vem dos modelos políticos e econômicos adotados por alguns regimes.
Refiro-me a dois recentes, que atuaram como verdadeiros golpes pauperizadores
de nossa educação. Um foi o golpe militar de 1964, que empobreceu a educação de
reflexão humanístico-política, levando estudantes e professores/as à alienação,
além de retirar investimentos fundamentais, desviados para fora do Brasil. O
outro foi o neolibaralismo, principalmente o do período FHC, que destruiu a
educação, desviando investimentos e ainda criminalizando os/as professores/as,
como se fossem bandidos/as ao reivindicar seus direitos, como ainda o fez o
ex-governador de São Paulo José Serra, que jogou a polícia sobre os professores grevistas, há
poucos dias antes de deixar o governo para disputar o cargo de Presidente da
República. Os golpes elitistas impostos ao Brasil sempre repercutiram
autoritariamente sobre a educação, promovendo a “degola” de professores/as e de
alunos/as, impossibilitando seu acesso ao conhecimento da realidade.
3. Esperança: mas
meus/minhas queridos/as colegas-alunos/as de pós-graduação se mostraram
sensíveis e dispostos a lutar por mais educação. Emocionei-me com sua garra e
seu espírito guerreiro. Mulheres professoras, esposas e trabalhadoras sofridas, mas com as almas de águia, sempre prontas a voar em direção ao
infinito de vôos altos e de olhar profundo para o humano e para a realidade
social, econômica e política de seus/suas alunos/as e de sua sociedade.
Parabéns, meus/minhas queridos/as. Saí de Rio
Verde com o coração emocionado e pleno de esperança em vocês e em suas lutas.
Vocês nunca mais serão as mesmas pessoas. Vocês são líderes e agentes sociais
importantes na sociedade. Vocês são indispensáveis. Vocês são militantes
educacionais, sociais e políticos do humano.
Obrigado por passarmos juntos nesse final de
semana. Força na luta!
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