Pastor Carlos (do Demo 25)
Percebo inúmeros pastores e os tais “apóstolos” que se candidatam a vereança e até a prefeitos aqui em Goiás.
Em princípio me parece muito bom que lideranças religiosas participem de disputas eleitorais. São cidadãos e gozam dos mesmos direitos e deveres de todos os brasileiros, entre eles o de votar e ser votados.
Porém, pastor Carlos, candidato a vereador pelo maldito Partido Democratas, há dois problemas que depõem contra certas candidaturas e tornam imensamente contraditórios seus discursos e intenções, como é o seu caso, por exemplo.
1. O paraquedismo eleitoral: há muitos candidatos pastores que pregaram em suas igrejas contra política, principalmente quando se tratavam da esquerda e de caráter progressista. De repente se candidatam sem nenhuma tradição e prática de militância. Caem de paraquedas atendendo a certos apelos de líderes partidários, também oportunistas a cata de densidade estatístico eleitoral ou de seus próprios interesses em busca do poder visando favorecer suas denominações religiosas, sem maiores justificativas políticas sérias no sentido do compromisso com o povo e com a sociedade. Candidatam-se pensando redutivamente no seu rebanhozinho. A história mostra que alguns até se elegem e nada significam em termos de projetos sociais. Outros tornam-se imensas decepções e vergonhas para suas instituições. Conheço o caso de um crente da Assembleia de Deus no Rio Grande do Sul que se elegeu deputado estadual. Carregou seu gabinete de pastores inúteis que ganhavam bons salários provindos de dinheiro público. Passavam o dia de bíblia nas mãos dizendo glória a Deus, preguiçosos sem visão social, apenas encostados no Estado. Não deu outra: o deputado completamente despreparado promoveu escândalos e ainda acabou expulso de suas igreja e os preguiçosos pastores desempregados. Aqui no interior de Goiás há prefeituras governadas por evangélicos, que locupletam as secretarias com evangélicos, altamente discriminatórios, que nada entendem de ação social de economia, de educação, de obras etc. Não tocam na estrutura econômica atrasada dos municípios, deixando o atraso do lugar do atrasado e os explorados como explorados, sem nada transformar. Distribuem cargos à vontade para jovens, mulheres, homens e, principalmente, a pastores de suas igrejas, que abastecem os cofres de suas congregações durante suas gestões. Suas igrejas são economicamente alavancadas enquanto “em nome de Jesus” se encastelam no poder. Para eles o estado deveria ser na prática teocrático, de preferência despejando muito dinheiro e prestígio nos bolsos e vaidades de seus pastores. Alguns candidatos, para conquistar votos de evangélicos e católicos, que negociam poder, principalmente econômico, prometem vantagens às igrejas. O candidato marconista do Cachoeira aqui em Goiânia, Jovair Arantes, chega a prometer em seu programa de governo entregar zonais e setores para serem gestadas pelas igrejas.
2. A direita marginal-lixo da história: outro dado de arrepiar, pastor Carlos, como é o seu caso e de outros, é o fato de vocês se candidatarem por partidos de direita. Aliás, não sei se me decepciono, mas ver o evangélico da Assembleia de Deus Vanderlan, ex-prefeito de Senador Canedo e ex-candidato ao governo de Goiás no primeiro turno e depois apoiador pela coligação da esquerda em 2010 agregar-se ao grupo que conta com o maior reacionário de direita daqui, descendente de uma corrente que sempre defendeu o atraso e os privilégios dos grandes proprietários rurais, é sintomático de que há forte tendência de certos grupos religiosos não avançarem política e socialmente, buscando encastelar-se no poder para satisfazer interesses da casta dominante. Entendo como traição ao projeto evangélico cristão as candidaturas de vocês por partidos de direita, como é o seu caso que se candidatou a vereador pelo Partido Democratas, número 25, que o senhor não tem a honestidade de mencionar o nome, apenas o número. As pessoas minimamente esclarecidas sabem que esse partido, antes PFL e ante ainda ARENA, foi o que mais contribuiu com a privataria praticada no Brasil em todos os tempos durante o governo do malfadado FHC, levando o Brasil ao maior desastre econômico e político representado pelas privatizações, pelo desemprego, pelo esmagamento do desenvolvimento e pela capitulação do País aos interesses mesquinhos dos Estados Unidos.
Penso que vocês que se candidatam por partidos de direita, como esse Democratas, número 25 e pelo PSDB, número 45, de duas uma: ou vocês não sabem que esses partidos são de direita e traidores da Pátria ou vocês são de direita mesmo. Nos dois casos é gravíssimo. No primeiro, pessoas tão esclarecidas como pastores não saberem que na sociedade há duas grandes ideias em contradição, é inaceitável e os torna indignos da representação do povo o qual traem: uma defende os privilégios principalmente do imperialismo internacional e que, para eles não interessa se o Brasil quebra ou não, desde que colaborem com o que há de pior no mundo; a outra é o campo de ideias de lutas orientada pela independência nacional, pelo desenvolvimento, pela distribuição de riquezas e de renda, pela inclusão e pela igualdade na qualidade de vida, onde na verdade deveriam atuar na construção de sociedade mais solidária e justa os que seguem o Jesus que sempre posicionou-se com e ao lado dos pobres, buscando a justiça como condição de seu Reino.
Endendo, pastor Carlos, que os cidadãos tão aviltados em sua consciência podem ser enganados por pessoas como o senhor, que se candidata por caminhos obscuros e eivados dos vícios da corrupção, traição à Pátria e sustentação do atraso e da dominação de uma elite desvinculada e oposta aos interesses e necessidades do povo em sua maioria. Na campanha eleitoral de 2010 um padre romano de Goiás se candidatou a deputado estadual pelo partido da privataira, o PSDB. Parece-me até que buscava a reeleição. Critiquei-o pesadamente e felizmente ajudei a que não se elegesse. Desejo o mesmo para o senhor, para o tal pastor Joel, candidato pelo grupo de Jovair Arantes e outros desencaminhados e nebulosos.
Abraços críticos e fraternos.
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